Gilvan da Federal (PL-ES) responde por ofensas a Gleisi Hoffmann e alega que a imunidade parlamentar garante liberdade para declarações “ofensivas”
O deputado Gilvan da Federal (PL-ES) afirmou, nesta terça-feira (14), no Conselho de Ética da Câmara, que parlamentares devem ter liberdade para fazer declarações “duras, por vezes até ofensivas”, leia-se, baixarias.
Segundo ele, impedir esse tipo de fala seria negar a imunidade parlamentar prevista na Constituição.
“Se nós, deputados, não pudermos falar coisas duras, por vezes até ofensivas, que o povo não pode falar, a gente não tem imunidade”, declarou. Infelizmente, ninguém lembrou ao deputado que ele não foi eleito para ofender ou “falar coisas duras” no Parlamento. Num antro, talvez.
O deputado é investigado por ofender a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Em 29 de abril, ele se referiu à petista dizendo “que devia ser uma prostituta do caramba”.
Gilvan também desrespeita a bandeira nacional ao fazê-la de pano de uso diário nas dependências da Câmara. A agressão é maior ainda porque se sabe que bolsonarista idolatra é a bandeira dos EUA, como se observa nas manifestações recentes deles.
JUSTIFICATIVAS
Em sua defesa vergonhosa da baixaria, Gilvan afirmou que não se referiu diretamente à ministra, mas ao apelido “amante”, mencionado em delação da Odebrecht. “Estou tranquilo, porque em momento algum me referi à Gleisi Hoffmann com os apelidos”, alegou.
O parlamentar já teve o mandato suspenso por três meses em maio pelo mesmo motivo e tenta agora evitar nova punição. É reincidente no errado, gosta de errar.
REAÇÕES
O deputado Paulo Lemos (PSol-AP) foi o único a fazer perguntas e reagiu com firmeza às declarações do bolsonarista. “Aqui não tem mulher de estimação, não. Quem ousar ofender mulher terá nossa contestação”, afirmou.
Para Lemos, ofensas de parlamentares a mulheres ferem não apenas a vítima, mas o próprio Parlamento. “Quando um deputado ofende uma mulher, ele fere o mandato que ocupa”, disse.
PRÓXIMOS PASSOS
O relator do processo, Ricardo Ayres (Republicanos-TO), tem até 28 de outubro para apresentar seu relatório final. Depois disso, o Conselho de Ética vai abrir os prazos regimentais para marcar o julgamento do caso.