O bolsonarista José Acácio Serere Xavante, preso na segunda-feira (12) pela Polícia Federal por vandalismo e liderar atos antidemocráticos, já foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão por tráfico de cocaína.
Depois da primeira prisão, ele virou pastor evangélico e hoje organiza manifestações golpistas que pedem a anulação das eleições presidenciais. Serere se diz cacique de uma aldeia Xavante em Mato Grosso, o que é negado pela comunidade.
Ele foi detido pela Polícia Civil carregando trouxinhas de cocaína em 2007. Os policiais apontam que ele iria traficar a droga junto com sua esposa.
Em 2008, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT) condenou Serere a quatro anos e oito meses de prisão, mais multas, por tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas.
No ano seguinte, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou e concedeu o pedido de diminuição de sua pena, baseado no Estatuto do Índio.
A Procuradoria-Geral da República pediu a prisão de Serere porque “convocou expressamente pessoas armadas para impedir a diplomação dos eleitos”, além de cometer “crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”.
Ele foi preso na segunda-feira (12), em Brasília, por estar organizando violentos atos golpistas em diversos pontos da cidade.
“A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos”, registrou a PGR no documento de petição.
O ministro Alexandre de Moraes atendeu o pedido da PGR e assinalou que a “restrição da liberdade do investigado, com a decretação da prisão temporária, é a única medida capaz de garantir a higidez da investigação”.
PAGO
Ele é financiado por um fazendeiro de Campinápolis chamado Didi Pimenta, conforme admitiu, em vídeo, o próprio dono de terras, para que atue contra a democracia.
“Há dez dias que nós estamos conseguindo mandá-los para lá e ajudá-los. Já mandamos aqui de Campinápolis, eu e um grupo de amigos, mais ou menos uns oito ônibus de índios”, disse.
“Estamos com um pouquinho de dificuldade de manter esses índios lá, então tá todo mundo ajudando, passando um PIX direto para a conta do Serere, ou até para a minha”, continuou.
“Estamos empenhados nessa luta junto com o Serere e com os Xavantes para manter a nossa democracia e nosso capitão no governo”, afirmou o fazendeiro, admitindo que está financiando os atos criminosos que visam anular as eleições presidenciais.
“FALSO PROFETA”
Um representante da Terra Indígena Parabubure e líder dos jovens Xavante de Campinápolis chamado Clenio gravou um vídeo denunciando as mentiras de José Acácio Serere. Segundo Clenio, o bolsonarista é um “falso profeta”.
“Aqui é o povo Xavante que [está] sempre lutando pelos nossos direitos indígenas. Nós, indígenas Xavante, votamos 100% em nosso presidente eleito Lula”, diz Clenio.
No vídeo, ele pede para Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “não ouvir o falso profeta Serere, que vem falando que representa a comunidade do povo Xavante. Falo para o senhor nunca ouvir o pastor Serere. Ele vive na cidade, vive como se fosse um pastor, mas essa é a comunidade do povo Xavante, que vive na sua cultura, nas suas tradições”.
“Por favor, Alexandre de Moraes, não ouça a minoria do povo Xavante que está em Brasília lutando em prol de Bolsonaro”.
Na segunda-feira (12), mesmo dia em que o TSE diplomou Lula e Geraldo Alckmin como presidente e vice-presidente eleitos, bolsonaristas incendiaram carros e ônibus e tentaram invadir a sede da Polícia Federal, usando a prisão de Serere como pretexto. Nenhum envolvido nos ataques foi preso até o momento.
O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), afirmou que os criminosos “estão sendo todos identificados” e responderão por seus atos.
“Não há hipótese de haver passos atrás na garantia da ordem pública em razão da violência. Estado brasileiro tem o dever de agir”, sentenciou.