Condenado pelo STF por participar da trama golpista, ex-diretor rompeu a tornozeleira eletrônica. O destino seria El Salvador, de Nayib Bukele, de extrema-direta
O bolsonarista Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo de Jair Bolsonaro, foi detido na madrugada desta sexta-feira (26), no Aeroporto de Assunção, capital do Paraguai, quando tentava embarcar para El Salvador, com escala no Panamá.
O fugitivo não teve a mesma sorte de Alexandre Ramagen, outro golpista condenado que se refugiou nos Estados Unidos, cuja extradição já foi solicitada pelo governo brasileiro.
O diretor da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, confirmou a prisão de Silvinei, cujo destino seria El Salvador, um país idolatrado pelos fascistas e conhecido mundialmente por um governo que, sob o lema da “tolerância zero” na segurança pública, promove prisões em massa, sem direito ao contraditório e à defesa, numa violação brutal aos direitos humanos. É a política de Nayib Bukele para sufocar a oposição.
Até então, o ex-colaborador de Bolsonaro encontrava-se em Santa Catarina, onde chegou a ser nomeado secretário na prefeitura de São José, governada por um prefeito do PSD. Com a ruptura da tornozeleira eletrônica, a autoridade policial brasileira acionou os países vizinhos – Colômbia, Paraguai e Argentina.
No momento em que o bolsonarista foi abordado no aeroporto da capital paraguaia, Silvinei portava passaporte paraguaio falso, com o nome de Júlio, mas foi logo identificado pelos agentes da PF.
O próximo passo, após a detenção, será a audiência de custódia, ainda no Paraguai, a ser realizada ainda nesta sexta-feira, depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a sua prisão preventiva.
Após a detenção, ele foi identificado, colocado à disposição do Ministério Público do Paraguai e deve passar por audiência de custódia na tarde desta sexta. Na sequência, deverá ser entregue às autoridades brasileiras.
CONDENAÇÃO PELO USO DA PRF PARA FAVORECER BOLSONARO
O ex-diretor da PRF foi condenado pelo STF a 24 anos e 6 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes contra a democracia. Ele integra o “núcleo” da organização criminosa e foi acusado, também, de monitorar autoridades brasileiras.
Silvinei utilizou o órgão para impedir o acesso de eleitores, principalmente do Nordeste, às urnas nas eleições de 2022, exatamente no reduto em que então candidato Luiz Inácio Lula da Silva era favorito.
O ex-policial usou e abusou do comando da PRF para realizar operações e impedir ou dificultar que os eleitores nordestinos chegassem às suas sessões de votação.
A ação foi movida pelo Ministério Público Federal e, na decisão judicial, houve o apontamento de que ele utilizou símbolos, recurso e visibilidade da corporação para promover a candidatura de Jair Bolsonaro, que concorria à reeleição, o que resultou, também, em multa de R$ 500 mil.
Silvinei Vasques chegou a ser preso em 2023, mas foi solto posteriormente mediante medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica.











