
Pressão que pretendem levar a cabo pode incluir manifestações presenciais com foco nos gabinetes e agendas públicas de Motta e Alcolumbre
Após a operação da PF (Polícia Federal), que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus seguidores no Congresso Nacional iniciaram ofensiva contra os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP).
Esse grupo mais estreito quer transformar ambos os presidentes em alvos de mobilizações digitais e de rua, como parte da resposta às ações do STF (Supremo Tribunal Federal) contra Bolsonaro.
A movimentação ganhou força depois que Motta e Alcolumbre rejeitaram pedido da oposição para suspender ilegalmente o recesso parlamentar e permitir reação mais imediata no Congresso contra as medidas da Suprema Corte.
A ideia era articular defesa política do ex-presidente, mas sem apoio das presidências das casas legislativas. Diante disso, a articulação bolsonarista fracassou.
“GUERRA ABERTA” CONTRA MOTTA E ALCOLUMBRE
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), anunciou que o partido prepara resposta em 3 frentes: mobilização digital, articulação interna no Congresso e ações para “dar voz” a Bolsonaro.
Nos bastidores, porém, aliados mais inflamados e exaltados falam em “guerra aberta” contra os presidentes do Legislativo.
Entre as pautas que o PL quer pressionar estão o avanço do pedido de impeachment contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e a votação de projetos como o fim do foro privilegiado e a anistia aos presos do 8 de janeiro.
O fim do foro privilegiado tem o objetivo de tirar o processo contra Bolsonaro da Corte e levá-lo à primeira instância.
A pressão que os bolsonaristas pretendem levar a cabo pode incluir manifestações presenciais com foco nos gabinetes e agendas públicas de Motta e Alcolumbre.
ISOLACIONISMO
Apesar da escalada, parte da bancada do PL avalia que essa estratégia pode ser “tiro no pé”. Parlamentares mais moderados temem que confronto direto com as lideranças do Congresso Nacional isole ainda mais o partido politicamente.
A posição dos comandantes das casas legislativas — Câmara e Senado — revelam exatamente isto.
Essa exaltação e radicalização extremada é que levaram Motta e Alcolumbre a não permitir o uso do Congresso como anteparo para defender as ações criminosas, que usualmente Bolsonaro empreende contra os adversários, em particular contra Moraes e o STF.
ALGUMA LUCIDEZ
Ao retornar de viagem a Portugal, nesta quarta-feira (23), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que eventuais sanções do governo dos Estados Unidos contra os presidentes da Câmara e do Senado — como ocorreu com ministros do STF — poderiam prejudicar as articulações da oposição no Legislativo.
Reportagem publicada pela coluna Paulo Cappelli, do Metrópoles, revelou que o ex-presidente Donald Trump estaria considerando estender as sanções — como a suspensão de vistos — a Alcolumbre e Motta.
A motivação, segundo aliados de Flávio, seria a suposta omissão do presidente do Senado em não pautar o impeachment de Alexandre de Moraes.