Membros da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) começaram a ser atacados virtualmente depois que a entidade divulgou estudos que mostram que a hidroxicloroquina não tem efeitos positivos no tratamento de Covid-19.
Segundo a organização, seus diretores foram atacados com “discurso de ódio” e sofreram difamação “difamação”.
Segundo programa Fantástico, da TV Globo, os cientistas foram chamados de “desgraçados”, “genocidas”, “degenerados”, “bando de vagabundos mercenários”, e “canalhas”.
Segundo Clóvis Arns, presidente da SBI, “todas as sociedades médicas e científicas já abandonaram a hidroxicloroquina. Essa é a nossa finalidade: compartilhar ciência. Na hora que existe politização, a gente fica triste porque isso mostra que o nosso país não está preparado para uma discussão científica mais adequada. Isso deve ser uma discussão científica”.
A SBI divulgou um informe comentando dois estudos internacionais sobre o uso da hidroxicloroquina em pacientes de Covid-19 que chegaram à conclusão de que a substância “não traz benefício clínico nem na profilaxia (prevenção), nem em pacientes hospitalizados”.
Segundo o informe, é urgente e necessário que “a hidroxicloroquina seja abandonada no tratamento de qualquer fase da COVID-19”.
A entidade orienta também que “os agentes públicos, incluindo municípios, estados e Ministério da Saúde reavaliem suas orientações de tratamento, não gastando dinheiro público em tratamentos que são comprovadamente ineficazes e que podem causar efeitos colaterais”.
Para a SBI, os recursos públicos devem ser utilizados “em medicamentos que comprovadamente são eficazes seguros para pacientes com Covid-19 e que estão em falta, tais como anestésicos para intubação orotraqueal de pacientes que precisam ser submetidos à ventilação mecânica, bloqueadores neuromusculares para pacientes que estão em ventilação mecânica; em aparelhos que podem permitir o diagnóstico precoce de Covid grave, como oxímetros para o diagnóstico de hipóxia silenciosa; em testes diagnósticos de RT-PCR da nasofaringe para pacientes sintomáticos; leitos de Unidade de Terapia Intensiva, bem como seus recursos humanos (profissionais de saúde) e respiradores”.
“Aproveitamos a oportunidade para, mais uma vez, recomendar as medidas preventivas do distanciamento físico, uso de máscaras e higienização frequente das mãos”, conclui o documento.