Bolsonaristas passaram a atacar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a pedir uma “intervenção” de Jair Bolsonaro para pressioná-lo a entregar a TV Cultura ao negacionismo, como fez o antigo governo com o Ministério da Cultura.
Segundo a jornalista Thaís Oyama, do UOL, os bolsonaristas estão dizendo que as secretarias da Cultura e de Comunicação estão “tomadas pela esquerda” e seguem sob influência do ex-governador João Doria, que era do PSDB.
Oyama aponta que na avaliação dos bolsonaristas Tarcísio de Freitas foi eleito com seu apoio, mas “não retribuiu nada e está em débito”. Para cobrar essa dívida, querem que Jair Bolsonaro confronte o governador de São Paulo.
O deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, fez uma crítica à TV Cultura, que é financiada pelo governo do Estado de São Paulo, por ter, segundo ele, transmitido um programa sobre o avanço da extrema-direita.
Os apoiadores do ex-presidente querem que Tarcísio de Freitas faça o que Jair Bolsonaro fez com o Ministério da Cultura, diminuído por ele a uma Secretaria Especial, e com outros órgãos do governo: entregue ao negacionismo e a seguidores de Olavo de Carvalho.
Um dos ex-secretários da Cultura de Bolsonaro, Roberto Alvim, gravou um vídeo imitando o nazista Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler.
Bolsonaro depois indicou a atriz Regina Duarte, que ficou apenas três meses à frente da Cultura. Em entrevista, ela relativizou as perseguições, as torturas e os assassinatos realizados pelo estado brasileiro durante a ditadura, dizendo que “na humanidade, não para de morrer. Se você falar vida, do lado tem morte”.
O sucessor de Regina Duarte foi Mário Frias, que ficou à frente da Secretaria Especial de Cultura por quase dois anos. Nesse período, esvaziou as políticas culturais do país e atacou artistas em diversas situações.
Mário Frias apoiou, por exemplo, a instalação de um busto do astrólogo e ex-ideólogo do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, em uma mansão que seria restaurada em Campinas. O ex-secretário disse que garantia verba para a instalação da estátua, mas não para a restauração da casa.
COBRANÇA
O governo de Tarcísio Freitas está cobrando de Jair Bolsonaro dívidas que somam mais de R$ 568 mil.
A Procuradoria Geral do Estado de São Paulo propôs, no início deste ano, já sob a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), a execução fiscal de três dívidas em nome de Jair Bolsonaro (PL).
Bolsonaro foi multado porque não utilizou máscara de proteção contra a Covid-19 em três ocasiões diferentes: em visitas às cidades de Miracatu, Ribeira e Eldorado, que ficam no Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo.
O valor total da dívida refere-se às multas, aos juros e aos honorários advocatícios. Já são mais de R$ 54 mil apenas em juros por falta de pagamento. Os bens de Bolsonaro poderão ser penhorados, caso ele não efetue o pagamento.
As multas foram aplicadas pela Secretaria da Saúde de São Paulo em 14 e 15 de dezembro de 2021 e transitaram em julgado entre janeiro e fevereiro de 2022.
Tarcísio também cobra mais de R$ 113 mil em multas de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair, por ter participado de eventos sem utilizar máscara. No caso dele, os juros ultrapassavam R$ 10 mil no início deste ano.