Os grupos bolsonaristas intensificaram seus ataques na internet à atriz Regina Duarte, nova secretária de Cultura.
Primeiro foi o astrólogo e autodenominado filósofo Olavo de Carvalho, o guru de Bolsonaro, que publicou em suas redes sociais que “aplaudir a indicação da Regina Duarte parece ter sido uma cagada minha, mais uma entre tantas”.
E em sequência os olavistas criaram até a tag #ForaRegina, tornando-se um dos assuntos mais comentados no Twitter.
Os ataques de Olavo e dos olavistas contra Regina começaram porque foram demitidos 12 bolsonaristas lunáticos nomeados na gestão de Roberto Alvim, que foi demitido depois de ter publicado um vídeo imitando o marqueteiro de Hitler, Joseph Goebbels.
Entre os demitidos está Dante Mantovani, o mesmo que disse acreditar que a banda inglesa Beatles era satanista e estava a serviço da União Soviética.
“O rock ativa as drogas, que ativam o sexo livre, que ativa a indústria do aborto, que ativa o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de uma vez, que ele fez um pacto com o diabo, com o satanás para ter fama, sucesso”, falou o ex-presidente da Funarte.
A faxina para limpar os doidos da Secretaria está ainda no começo, porque ainda sobrou Sérgio Camargo, o presidente da Fundação Palmares que ataca Zumbi dos Palmares, os negros que desejam igualdade racial no país e o Dia da Consciência Negra, e por isso é chamado pelas lideranças negras de “capitão do mato”.
“Tenho vergonha de ser irmão desse capitão do mato”, declarou em mensagem o músico e produtor cultural, Wadico Camargo, em repúdio às atitudes do irmão.
Na sociedade escravocrata, o capitão do mato era o serviçal dos senhores encarregado da captura de escravos fugidos, muitos deles negros alforriados.
Na internet, os bolsonaristas intensificaram a campanha contra a atriz. Uma das internautas bolsonaristas, identificada como Clau de Luca, postou: “não vamos aceitar”. Em referência às demissões.
Um outro grupo chamado “Direita Votuporanga” colocou a hastag #Fora Regina: “Regina Duarte trai o Presidente exonera Bolsonaristas e nomeia comunistas para Cultura”.
“Avisem a Regina Duarte q estamos numa guerra. Isso não é partida d futebol nutella, d fair-play, onde o jogador joga a bola p fora qdo o adversário está caído. Aq (na política) se passa por cima e ainda se chuta gnt caída. Assim eles agem e assim nos defendemos. #ForaRegina”, postou outro bolsonarista.
Em seu discurso de posse, Regina Duarte citou a importância de alguns dos vários elementos vida cultural brasileira, como “pipa no céu, palavrão, tatuagem, arroz com feijão, farofa de mandioca, pastel de feira, pão de queijo, caipirinha de maracujá, chimarrão, culto, missa das dez, desafio repentista, hum, forró”.
Mas, na contramão da atriz, um bolsonarista disse: “Na boa, essa pasta tinha que ser gerida por alguém que acredite que estamos em guerra cultural. Pergunta pra Regina se ela acredita nisso.#ForaRegina”.
Regina Duarte também declarou que “meu propósito aqui é de pacificação, diálogo permanente com o setor cultural, estados e municípios, Parlamento e com os órgãos de controle”.
E, olhando para Bolsonaro, ela refrescou a memória: “Então, o convite que me trouxe até aqui falava em porteira fechada, carta branca. Não vou esquecer não, hein?”.
Porém Bolsonaro fez questão de advertir que ela tinha a liberdade de escolher seu time, mas que “obviamente, em alguns momentos”, ele exerce “o poder de veto de alguns nomes”.
Os demitidos da Secretaria de Cultura:
Dante Mantovani: presidente da Funarte
Ricardo Freire Vasconcellos: diretor do Departamento do Sistema Nacional de Cultura
Paulo César do Amaral: presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)
Reynaldo Campanatti: secretário de Economia Criativa
Camilo Calandreli: secretário de Fomento e Incentivo à Cultura
Ednagela dos Santos Barroso dos Santos: diretora do Departamento de Promoção da Diversidade Cultural
Maurício Noblat Waissman: coordenador-geral da Política Nacional de Cultura Viva
Raquel Cristina Brugnera: chefe de gabinete da Secretaria da Economia Criativa
Gislaine Targa Neves Simoncelli: chefe de gabinete da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura
Leônidas José de Oliveira: diretor-executivo da Fundação Nacional de Artes (Funarte)
Marcos Villaça: secretário de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual
Rodrigo Junqueira: secretário de Difusão e Infraestrutura Cultural