Nem mesmo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — que se diz “amigo” do filho de Trump —, teve acesso às cerimônias. Michelle Bolsonaro foi fazer turismo
Depois de toda a pantomima em torno da posse do novo presidente dos EUA, Donald Trump (Republicano), os parlamentares brasileiros que foram ao país para participar das cerimônias de posse, nesta segunda-feira (20), ficaram fora do local de honra do evento, na Rotunda do Capitólio, e tiveram que assistir à cerimônia pela TV.
Os parlamentares, todos ligados politicamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pretendiam assistir à cerimônia de posse em frente ao Capitólio, mas as baixas temperaturas fizeram com que o evento ficasse restrito às partes internas do Congresso estadunidense.
Com isso, os deputados assistiram à posse por meio de telão em hotel.
“Como foi cancelado o evento fora, vamos nos concentrar aqui no hotel para acompanhar pelo telão, junto com outros brasileiros e, depois, devemos ir para o local onde Trump vai desfilar”, disse o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS), enquanto Trump tomava posse.
BANCADA BOLSONARISTA
A reunião no hotel teve nomes como as deputadas bolsonaristas Bia Kicis (PL-DF), Carla Zambelli (PL-SP) e o senador Jorge Seif (PL-SC).
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi para os EUA, a fim de representar o ex-presidente, que não obteve autorização judicial para recuperar o passaporte — apreendido desde fevereiro de 2024 — para conseguir comparecer à cerimônia.
Michelle, no entanto, não participou da reunião dos deputados no hotel. Ela também não havia postado fotos de como teria assistido à cerimônia. Postou foto fazendo turismo na capital norte-americana.
“TRATAMENTO BASTANTE ESPECIAL”
Na última quinta-feira (16), o ex-presidente disse que Michelle teria “tratamento bastante especial” pela proximidade que tem com Trump.
Não teve. Nenhum parlamentar brasileiro que foi aos EUA para participar das cerimônias de posse teve algum privilégio. Ao contrário, foram todos tratados como qualquer cidadão comum do país.
CONVIDADOS ILUSTRES
No local de destaque do evento estavam os CEO de grandes empresas de tecnologia, como Elon Musk, da Tesla, SpaceX e X, que tem, inclusive, cargo no governo. Além dele, Mark Zuckerberg (Meta) e Jeff Bezos (Amazon) também estavam presentes.
Não é comum nas posses dos EUA a ida de chefes de Estado. Os países, tradicionalmente, enviam embaixadores, como fez o Brasil.
Chefetes da extrema-direita bajuladora, contudo, fizeram questão de ir a Washington, como o presidente da Argentina, Javier Milei, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que também estavam na Rotunda do Capitólio.
SEM CONVITES
Sem convites para a posse, deputados brasileiros que foram a Washington ficaram de fora, sob a neve intensa, não resistiram às altas temperaturas e foram embora.
Foi o caso do deputado bolsonarista Maurício Marcon (Podemos-RS), que relatou dificuldades para participar dos eventos relacionados à posse de Trump. Marcon disse ter passado 5 horas na fila, mas não ter conseguido acesso ao comício de apoiadores realizado no último domingo (19). A posse foi na segunda-feira.
Segundo o deputado, ele e a mulher andaram apenas “meia quadra” durante o tempo de espera, permanecendo em pé debaixo de neve. “Não é do meu feitio, mas não dá mais para aguentar”, desabafou o deputado, em publicação no Instagram. Típico bolsonarista: não aguenta nenhum tranco, desiste fácil.
“Estamos exaustos, a fila praticamente não anda, acho que o esquema de segurança é muito forte”, lamentou. Do mesmo modo, ele também não participou da posse.
“AMIGO” DA FAMÍLIA TRUMP
Os deputados que foram aos Estados Unidos tiveram 3 opções para a posse presidencial: ficar ao relento, acompanhar a cerimônia em arena fechada ou assistir pela TV, no hotel. Prevaleceu a última.
Nem mesmo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — que se diz “amigo” do filho de Trump —, teve acesso às cerimônias fechadas. Na verdade, todos foram fazer figuração e passear com recursos públicos.
EXPOSIÇÃO AO RIDÍCULO
Por aqui, ficou o ex-presidente, que não foi à posse, como é sabido, porque o passaporte está retido em razão dos processos aos quais responde no STF (Supremo Tribunal Federal).
Mas Bolsonaro não se fez de rogado e não teve vergonha de “pagar mico” no aeroporto de Brasília, no embarque de Michelle Bolsonaro, quando chorou em público e chamou a atenção de todos.
Do mesmo modo, o fez nas redes sociais. O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) publicou vídeo do pai chorando ao assistir o discurso de posse de Trump.
“Bolsonaro se emociona com posse de Donald Trump”, está escrito no texto do vídeo. Na postagem, é possível ver o ex-presidente emocionado enquanto Trump discursava.