Capelli vê o dedo de Augusto Heleno na facilitação da entrada dos terroristas no Planalto. “Por que o general Heleno se escondeu? Cadê a valentia dele?”, questionou
A Polícia Federal (PF) interrogará neste domingo (23) os funcionários do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que estavam presentes no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, informa o Estado de S. Paulo.
Em uma ordem emitida na sexta-feira (21), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes exigiu que a PF ouvisse todos os funcionários do GSI identificados nas imagens das câmeras de segurança do Planalto em até 48 horas.
Também na sexta-feira (21), a Polícia Federal interrogou o ex-chefe do GSI, o general da reserva Gonçalves Dias, que negou qualquer envolvimento com os radicais. O ministro interino do GSI, Ricardo Capelli afirmou que as imagens integrais, liberadas por ordem do STF, desmentiram a versão de que o general teria apoiado os golpistas de Bolsonaro.
Moraes ordenou que o GSI levantasse o sigilo das filmagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. As imagens foram entregues ao STF juntamente com uma investigação interna aberta para apurar a conduta dos funcionários. As primeiras imagens divulgadas estavam editadas e tentavam comprometer a imagem do general Gonçalves Dias para atingir o governo Lula.
O general pediu exoneração depois que as imagens foram divulgadas pela CNN davam a entender que ele havia indicado a saída para os terroristas no terceiro andar do prédio. Ele explicou que estava seguindo o protocolo e que eles seriam presos quando chegassem ao segundo andar.
O bolsonarismo, responsável pela tentativa de golpe no dia 8 de janeiro, depois da derrota eleitoral de Bolsonaro na eleição presidencial, está tentando, de maneira inusitada, inverter a história e culpar o governo Lula pela depredação das sedes dos Três Poderes numa tentativa de emplacar um golpe de Estado. Até uma CPI eles estavam tentando controlar para tentar dar sustentação a essa versão invertida e estapafúrdia da realidade.
Para o ministro interino do GSI, Ricardo Capelli, em entrevista ao Congresso em Foco, “a CPI vai reafirmar a tentativa de golpe do dia 8, nada além disso”. Na sua opinião, as investigações em curso na Polícia Federal “muito possivelmente” indicarão que o general Augusto Heleno, vinculado à linha de extrema direita do Exército brasileiro, teve participação nos acontecimentos de 8 de janeiro.
Para o ministro interino, o “desaparecimento” de Heleno é suspeito: “Ele desapareceu. Acho que quem se esconde teme a verdade, essa é minha opinião. O general Heleno está escondido. Onde? Quem consegue falar com ele? Todo dia recebo jornalistas que dizem que ele não recebe ninguém, não fala com ninguém. Por que o general Heleno se escondeu? Cadê a valentia dele?”.
Ele estende a crítica aos outros dois generais quatro estrelas que integravam o comando político do bolsonarismo: Walter Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Bolsonaro, e Luiz Eduardo Ramos, que encerrou a gestão anterior como secretário-geral da Presidência da República, após ter servido ao ex-presidente como secretário de governo e ministro da Casa Civil.