
Sentindo que estão perdendo terreno com o julgamento do núcleo crucial do golpe e que parece irreversível a condenação de Jair Bolsonaro e dos demais golpistas, os seus seguidores na Câmara dos Deputados intensificam os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e as articulações para tentar aprovar um projeto, que eles chamam de anistia, mas que na verdade é um projeto para anular a condenação aos criminosos e dar impunidade a Jair Bolsonaro.
A movimentação para tentar passar o texto na Câmara inclui a intenção de chantagear e arrastar o presidente da casa, deputado Hugo Motta, no sentido de que ele paute a votação do projeto.
A medida, considerada desesperada e com pouca chance de vingar, recebeu o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que entrou nas negociações. Além disso, o filho de Bolsonaro permanece nos EUA instigando Donald Trump a radicalizar as sanções contra o Brasil.
Segundo interlocutores, Hugo Motta (Republicanos-PB) tem dito a lideranças do governo que, se houver votos e “clima e ambiente”, ele “não vai ter como segurar essa votação da anistia aos golpistas”.
Líderes do centrão acreditam que os votos para aprovar a medida, que exige maioria simples, existem e que Motta estaria apenas buscando o melhor momento para evitar atritos com o STF. Eles estão contando que daqui a duas semanas Hugo Motta coloque em votação essa proposta para livrar os golpistas.
No caso de Hugo Motta ceder aos apoiadores da intentona golpista e a proposta for aprovada, ela terá que passar pelo Senado e depois ser sancionada sem vetos pelo presidente Lula.
Além disso, após a hipotética aprovação da proposta, ela teria que passar pelo crivo do próprio Supremo Tribunal Federal (STF), que, certamente, receberá questionamentos sobre sua constitucionalidade. Ou seja, as articulações dos bolsonaristas está mais para um esperneio diante do quadro desfavorável do que para uma propalada ofensiva política.
A principal intenção dos golpistas é estender a impunidade até Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro chegou a dizer que se passar uma “meia anistia”, Donald Trump não ajudaria mais a família Bolsonaro.
No Senado, o clima é diferente da Câmara. Segundo informações do site G1, o presidente da Casa, Davi Alcolumbe (União Brasil-AP) pretende colocar em votação um texto alternativo ao tentado pelos bolsonaristas. “Eu vou votar o texto alternativo, é isso que eu quero votar no Senado. Eu vou fazer esse texto, eu vou apresentar”, disse Alcolumbre.