“Vi um monte de gente desesperada querendo chegar em casa pra ver essa porcaria”, afirmou um dos participantes do ato nas imediações da Anhanguera. “Eu já queria que perdesse hoje e já saísse dessa Copa”, acrescentou outro
Um grupo de bolsonaristas, inconformados – até hoje – com a derrota nas eleições, se reuniu nesta quinta-feira (24) em frente ao 12° GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), à beira da Rodovia Anhanguera, em São Paulo, para pedir – pela enésima vez – um golpe contra a posse do vencedor da eleição presidencial, o ex-presidente Lula.
Não quiseram nem saber do jogo do Brasil e ainda vaiaram a seleção, segundo reportagem do site UOL.
A vaia dos bolsonaristas ao Brasil começou quando eles souberam, pelas manifestações festivas na vizinhança, que a seleção tinha feito um gol no jogo contra a seleção da Sérvia. Apesar de estarem usando bandeiras do Brasil e camisas amarelas, não havia telão ou uma transmissão do jogo, e ninguém parecia realmente interessado no assunto.
Alguns diálogos captados pelo repórter do UOL no ato dos golpistas mostram bem para onde estão descambando esses bandos fascistas.
“Eu nunca imaginei que ia torcer contra o Brasil no futebol”, dizia um deles, ao se encontrar com um colega. “Vi um monte de gente desesperada querendo chegar em casa pra ver essa porcaria”, completou o outro. Nenhum deles quis se identificar. “Eu já queria que perdesse hoje e já saísse dessa Copa”, afirmou um outro participante.
No mesmo momento em que o Brasil inteiro se uniu de norte a sul com as cores verde e amarelo para torcer pela seleção e pelo Brasil, os fascistas mostraram o que realmente sentem pelo país e pelo seu povo. Eles hostilizaram e xingaram os jogadores que representaram o Brasil na Copa do Mundo.
Manifestantes raivosos como esses, cada vez mais isolados e fanatizados, estão revelando que, de patriotas, eles não têm nada, apesar de terem sequestrado por um tempo a bandeira e as cores do Brasil. Como se viu nesta quinta-feira, a bandeira está voltando para as mãos do seu verdadeiro dono: o povo brasileiro.
Além de vaiar o Brasil, os bolsonaristas estão infernizando a vida das pessoas. Eles não aceitam a derrota do “mito” e estão descambando para a violência. Até grupos encapuzados e armados incendeiam ambulâncias e caminhões, agredindo policiais e destruindo bens públicos em algumas regiões. Vários deles já foram presos.
Durante a semana, por exemplo, um menino, morador de Sorriso, na região norte do Mato Grosso, que precisava de uma cirurgia, quase perdeu a visão por conta de um desses bloqueios de estradas promovido por essas hordas de bolsonaristas. Os golpistas não deixaram o menino passar e diziam ao pai desesperado que fosse a pé. Eder Rodrigues Boa Sorte, pai da criança, tentou argumentar com os criminosos sem sucesso.
“Mostrei os documentos da cirurgia, mas não quiseram saber e um deles já puxou um facão. Me exaltei quando expliquei que meu filho poderia perder o globo ocular e um deles falou: ‘que fique cego”, disse Eder. Depois que o absurdo veio a público houve uma indignação geral com a atitude dos bolsonaristas e o menino acabou conseguindo fazer a cirurgia. Até mesmo um atentado foi feito por essa gente contra uma adutora, que deixou sem água toda uma cidade de Rondônia. O ato terrorista mostra bem o caráter dessa gente.
Ao invés de reconhecer a derrota, Bolsonaro segue insuflando as suas milícias. Na quarta-feira (23) ele tentou tumultuar ainda mais o processo eleitoral ao obrigar o PL, partido pelo qual concorreu, a dar entrada com uma representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a anulação de parte das urnas do segundo turno das eleições. O objetivo da manobra, além de insuflar seus fanáticos, era criar uma confusão e abrir o espaço para inverter o resultado do pleito.
A resposta do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, à armação golpista foi imediata e contundente. Recusou o pedido do PL, multou o partido em R$ 23 milhões, bloqueou as contas do partido e abriu procedimento investigativos contra os seus autores. Presidentes de outros poderes, como a Câmara e o Senado, também condenaram a atitude. Dirigentes de partidos como Progressistas e PP, que apoiaram Bolsonaro, rechaçaram a manobra golpista e deixaram Bolsonaro ainda mais isolado.