
Paralisia é causada pela insanidade e servilismo do presidente. Como disse o presidente do Cidadania, o ex-deputado Roberto Freire, dirigindo-se a Bolsonaro. “O país não está quebrado coisa nenhuma. Chega de ‘mimimi’, pare de enrolar e vamos embora trabalhar”
Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (5), em uma conversa com apoiadores, que o Brasil está “quebrado” e que ele não consegue “fazer nada”. A frase inicial mostra flagrante equívoco e revela que o capitão não entende absolutamente nada, nem de economia, muito menos de Brasil. O país tem tudo para crescer fortemente e atender com fartura aos anseios do povo, desde que tenha um projeto nacional de desenvolvimento com base na produção e no trabalho e não na especulação e na parasitagem.
PAÍS QUEBRADO
Um projeto que passa muito distante da cabeça miúda, mesquinha e colonizada de Bolsonaro. Acoplar o país, como ele tem feito, à ganância desmedida dos carcomidos monopólios e bancos norte-americanos e aos interesses da Casa Branca, realmente não está trazendo e não trará nenhum futuro promissor para o Brasil. A política de submeter a economia às ratazanas do submundo da agiotagem – pessoas que vendem até a mãe para elevar os superlucros dos patrões, não pode levar o país a outro lugar a não ser à bancarrota. Mesmo com toda essa sangria, o Brasil tem um grande futuro e um enorme potencial para crescer. Poucos países reúnem essa possibilidade.
Já a segunda parte da frase de Bolsonaro – a de que ele não está fazendo nada, trata-se de uma verdade. É uma constatação inequívoca. Ele não faz absolutamente nada que preste desde que colocou os pés no Palácio do Planalto.
Não há nenhum plano de governo, não há nada, nem mesmo um plano emergencial de enfrentamento da maior crise sanitária e econômica vivida pelo país nas últimas gerações.
ATRAPALHOU O COMBATE AO VÍRUS
Na verdade, seríamos injustos se disséssemos apenas que Bolsonaro não faz nada. Ele faz. Atrapalhou de todas as formas o combate ao coronavírus. Não fez outra coisa a não ser espalhar a morte por onde andou com suas aglomerações e com o desrespeito às normas de segurança contra o vírus. O seu negacionismo irresponsável e seu péssimo exemplo foi a causa da morte de dezenas de milhares de pessoas.
HÁ SEMPRE OUTROS CULPADOS
Cobrado por um cidadão a tomar alguma atitude frente à crise, ele respondeu: “Chefe, o Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos aí, essa mídia sem caráter”, afirmou. Ou seja, admitiu que não fez nada, mas tenta tirar o corpo fora jogando a culpa nos outros. Há sempre algum culpado, nunca ele. Atacou a imprensa, dizendo que ela não tem caráter. Fez isso porque ela noticia seus erros, sua ignorância, sua arrogância e seu descaso com a vida e a saúde das pessoas.
O que estava, de alguma forma, funcionando, ele foi lá a desmantelou tudo. Demitiu três ministros da Saúde durante a pandemia. Quando o atual, Eduardo Pazuello, assumiu, o Brasil registrava menos de 15 mil mortos pela Covid-19. Na próxima semana, mantida a curva atual, chegaremos a 200 mil mortos. As coisas básicas ele não se compromete. Nem mesmo a compra das agulhas e seringas indispensáveis para imunizar as pessoas foi assegurada. Não por conta da economia quebrada, mas pela incompetência e inércia governamentais, à qual contribuiu – e muito – o desprezo pelo trabalho dos técnicos do Ministério da Saúde e a valorização de apaniguados políticos.
O Brasil ainda não tem uma vacina aprovada e nem data oficial para iniciar a vacinação contra a doença, enquanto mais de cinquenta países já começaram a vacinar suas populações. Enquanto isso, Bolsonaro mantém sua postura negacionista em relação às vacinas, retarda o quanto pode as decisões que deveria tomar e diz que não vai se submeter à vacinação. Mais grave: diz que quem tomar pode virar jacaré. Contando, ninguém acredita, mas é verdade. Ou seja, faz brincadeira com a desgraça de milhares de pessoas que perderam ou que estão com seus entes queridos brigando por leitos ou entubados lutando pela vida.
BOLSONARO ZOMBA DA CRISE
Bolsonaro zomba da crise e da pandemia. No último domingo (3), às gargalhadas, afirmou aos seguidores, negacionistas que mergulhou (no mar) de máscara “para não contaminar os peixinhos”. Em suma, está colaborando com um genocídio da população brasileira, seja no atraso na adoção das medidas de combate à pandemia ou negando o apoio necessário para os que mais precisam durante a crise que recrudesce a cada dia. Se dependesse dele, não haveria ajuda emergencial e não haveria vacina. Ele só acredita na cloroquina e em outras bizarrices do gênero. Persistindo a insanidade palaciana, o país não sairá da crise e não conseguirá, como alertou o cientista Miguel Nicolelis, nem mesmo enterrar os seus mortos.
QUASE 200 MIL MORTOS
Se entendesse ao menos o básico de economia, Bolsonaro saberia que uma pessoa ou uma empresa quebram quando suas dívidas superam em muito a capacidade de obter dinheiro para pagá-las. Mas, ele saberia também que países não quebram, mesmo com dívidas públicas elevadas e/ou déficits públicos altos, como é o caso brasileiro, porque podem emitir dinheiro – imprimindo cédulas, ou gerando mais dívidas. Além disso, podem ampliar a arrecadação cobrando tributos de quem sonega e de quem paga menos do que pode contribuir. Enfim, só acha que o país quebra quem não enxerga o seu povo. Sim, há limites para dívidas. Mas elas podem ser roladas pelo Tesouro Nacional.
O Brasil efetivamente está em crise, mas não está quebrado porque os limites de endividamento – se é que existem – ainda não foram alcançados. Antes disso, e mais importante, o Brasil não tem, como nos anos 80 e 90 do século passado, dívida relevante em moeda estrangeira. Quando os problemas dependem apenas de soluções em moeda local, como é caso brasileiro, é ainda mais impróprio falar em país quebrado.
Em suma, é evidente que Bolsonaro não entende de economia com o seu lero-lero de que o país está quebrado. Também fica claro que não entende nada do assunto quando lamenta não poder mexer no Imposto de Renda, supostamente porque o país está quebrado. Ele, literalmente, não sabe do que está falando. Como disse o ex-deputado Roberto Freire, do Cidadania, dirigindo-se a Boslonaro. “Chega de mimimi, pare de enrolar e vamos embora trabalhar”.
S.C.
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