No mesmo dia em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou uma queda histórica no PIB (Produto Interno Bruto) do país no 2º trimestre, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a prorrogação do auxílio emergencial até dezembro, cortado pela metade.
A prorrogação será feita por Medida Provisória, que segue para análise do Congresso.
O corte de 50% no valor do benefício deve sofrer resistência entre os parlamentares de oposição, pois, segundo os próprios dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (1) e opinião de economistas, sem o auxílio de R$ 600, criado em abril para minimizar os impactos da pandemia, o tombo da economia teria sido bem maior e de proporções incalculáveis na vida dos brasileiros.
Os parlamentares ressaltam que o valor de R$ 600, pago até agora, foi proposto pelo Congresso e alcançado depois de muita luta, pois a proposta inicial do governo era que o benefício fosse de R$ 200.
O deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP) ressaltou que “a prorrogação do auxílio emergencial é uma vitória da oposição e do parlamento” mas que “o valor de R$ 300 é insuficiente”.
Segundo ele, “Bolsonaro não tinha como escapar, pois seria derrotado se teimasse em retirá-lo. Mas defendemos uma renda básica que garanta dignidade ao nosso povo!”.
O deputado divulgou, em mensagem no seu Twitter, que o corte é “um crime contra o povo” e que representa “300 reais a menos em alimentos na mesa das famílias brasileiras”.
Para Orlando, “desemprego, miséria e fome será o cotidiano de milhões de pessoas”.
Também no Twitter, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou que a redução em 50% do auxílio “na mesa de quem passa necessidade, significa fome e ainda mais dificuldade”.
O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) disse que o corte “é mais uma crueldade de Bolsonaro contra os que mais precisam”.
“Não vamos aceitar. Foi uma luta conquistar o auxílio emergencial de 600 reais, derrotando Bolsonaro que só queria pagar 200 reais. Tem luta, teremos vitória!”, afirmou.
Ao anunciar a prorrogação e o corte, Bolsonaro defendeu mais uma vez a responsabilidade fiscal e a Economia, sem, no entanto, se referir em nenhum momento aos catastróficos dados econômicos divulgados pelo IBGE.
“O valor, como vínhamos dizendo, é muito para quem paga, no caso o Brasil, e podemos dizer que não é um valor muitas vezes para todas as necessidades, mas mais basicamente atende. Até porque o valor definido é um pouco superior a 50% do valor do Bolsa Família. Nós decidimos aqui, atendendo a Economia, em cima da responsabilidade fiscal, fixá-lo em R$ 300”, disse Bolsonaro.
Desde a semana passada o presidente tem criticado quem está se opondo à redução dizendo que o auxílio “não é aposentadoria”, mas uma ajuda emergencial. Só que, segundo avaliação dos economistas sobre a queda do PIB e a entrada oficial do país em recessão técnica, a economia brasileira só deverá recuperar o patamar pré-pandemia em 2022.