“Não pode transferir isso para o Estado”, disse o presidente
Jair Bolsonaro anunciou, nesta quarta-feira (08), no programa do Datena, na TV Band, que vai determinar “por decreto” a reabertura das atividades essenciais. Ele também disse que o Estado não é responsável por cuidar dos mais velhos.
“Tenho falado com o Osmar Terra, que entende muito de H1N1 e ele diz que com ou sem isolamento, o número de óbitos será grande. Com relação aos mais velhos, que cada família cuide dos seus idosos, não pode transferir isso para o Estado”, disse Bolsonaro.
Um fato ficou evidente na entrevista. Ele não sabe o que falar em favor da população. O que fazer para que as pessoas se protejam e protejam seus entes queridos. As assessoria não avisou ao presidente que as atividades essenciais já estão funcionando a todo vapor. O que está parado é o que não é essencial.
Ele [Bolsonaro] e seu ministro Paulo Guedes têm que parar de falar besteira e se apressar para ajudar logo os trabalhadores que estão se protegendo em casa e os empresários que, apesar de suspender as atividades, não demitirem. Estão falando feito matraca mas estão demorando muito para soltar o dinheiro.
Demoraram quase duas semanas para começar a liberar os R$ 600 emergenciais aprovados pelo Congresso para os trabalhadores informais, os autônomos e as famílias carentes. Isso por causa do Congresso, senão eles estariam até hoje enrolados para liberar os R$ 200 propostos inicialmente pelo Planalto.
A “liquidez” de 1,2 trilhão de reais para os bancos foi liberada quase que de imediato. Os dois, Bolsonaro e Guedes, demoram para liberar os recursos emergenciais para o povo. Querem levá-lo ao desespero e, assim, convencer os trabalhadores a arriscar suas vidas e de seus familiares. Esse é o objetivo da campanha criminosa de Bolsonaro pela volta ao trabalho.
Bolsonaro tentou demitir o Ministro da Saúde e foi barrado pela sociedade, pelos militares, pelo Congresso Nacional, pelo STF, os governadores e pelos panelaços que se espalharam pelo país inteiro. Ele queria tirar o ministro Henrique Mandetta para colocar um pau mandado seu que acabaria por suspender as medidas de proteção da sociedade contra o coronavírus.
Ele reclamou também que os governadores não estão deixando as pessoas lotarem as praias.
“Correr no calçadão não tem nada demais, que quem tem menos de 60 anos não tem com o que se preocupar”, avaliou, depois de mandar uma mensagem ao primeiro ministro inglês, Boris Johnson, de 55 anos, que está na UTI por causa do Covid-19. Bolsonaro disse ao primeiro ministro que espera recuperação dos “efeitos malignos” do coronavírus. É uma “gripezinha”, mas tem “efeitos malignos”.
Ele afirmou no Datena já ter um decreto pronto para determinar a reabertura das “atividades essenciais”. Mas que não assinou ainda porque deverá ser derrubado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ou pela Justiça. Ou seja, nessa parte da entrevista Bolsonaro mostrou que está ciente de que não conseguirá fazer oque bem entende sem resistência muito forte do país.