Com 1,5 milhão de americanos infectados, Trump disse que não pode deixar “essa gente [brasileiros] vir aqui contaminar o nosso povo”. Itamaraty justificou a discriminação dizendo que barreira foi uma “decisão baseada em critérios técnicos”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira (19), ao falar da pandemia no Brasil, que pretendia impedir a entrada de brasileiros em seu país porque não poderia deixar “essa gente vir aqui contaminar o nosso povo”. No sábado (24) ele baixou o decreto determinando que nenhuma pessoa que tenha estado no Brasil nos últimos 14 dias poderá entrar nos Estados Unidos.
O motivo para Trump tomar essa decisão seria o número elevado de pessoas infectadas e mortas no Brasil pelo coronavírus durante a pandemia. A Covid-19 atingiu mais de 300 mil brasileiros e matou mais de 22 mil pessoas no país.
No entanto, no dia em que Trump afirmou que não queria “essa gente nos contaminando”, eles [os EUA] estavam com mais de 1,5 milhão de pessoas infectadas e mais de 92 mil pessoas tinham perdido a vida pelo coronavírus naquele país. A chance, portanto, de americanos infectarem brasileiros, era bem maior do que o inverso. Mesmo assim, nós não vimos em nenhum momento o governo Bolsonaro, e nem seu chanceler, alertando quanto a esse risco.
A resposta do ministro Ernesto Araújo à decisão de Trump de barrar os brasileiros foi de apoio integral à medida. “A decisão do governo dos EUA baseou-se em critérios técnicos, que levam em conta uma combinação de fatores tais como os casos totais, tendências de crescimento, volume de viagens, entre outros”, diz o comunicado do Itamaraty. Depois que os EUA anunciaram que barrariam a entrada de brasileiros naquele país, o governo Bolsonaro decidiu suspender a entrada no país de qualquer estrangeiro e a saída de brasileiros para qualquer lugar do mundo.
Ernesto Araújo aproveitou a nota sobre a barreira de Brasileiros nos EUA para agradecer o grande apoio que o governo americano estaria dando ao Brasil no combate à Covid-19. “Brasil e Estados Unidos têm mantido importante cooperação bilateral no combate à COVID-19. Já foram foram anunciadas doações norte-americanas de cerca de US$ 6,5 milhões para os esforços brasileiros de mitigação dos impactos à saúde e socioeconômicos da novo coronavírus. No dia de hoje, 24 de maio, representantes da Casa Branca anunciaram, ademais, doação de 1000 respiradores ao Brasil”, diz ainda a nota.
Em que pese as promessas comemoradas por Ernesto Araújo, a realidade nua e crua é que Trump confiscou respiradores comprados da China pelo Brasil. Agiram como piratas quando os aviões trazendo a mercadoria fizeram escala nos EUA.
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