Bolsonaro, o incorrigível, veio à público para atacar e desferir expressões contra o honrado e corajoso deputado federal Orlando Silva, do PCdoB de São Paulo, hoje, muito conhecido pela relatoria do PL das Fake News que está em discussão na Câmara dos Deputados.
O fujão, em entrevista ao programa Oeste em Filtro, lançou no ar a pergunta sobre o responsável pela relatoria do projeto que busca regular a ação das big techs no país: “Quem é o relator? É um caboclo do Partido Comunista do Brasil. Esse cará tá preocupado com liberdade? Não tá preocupado”, completou.
Pois bem, se ninguém apresentou o deputado Orlando Silva a Bolsonaro, é hora de fazê-lo, apenas com as seguintes informações: o parlamentar, que nasceu na Bahia, não em berço de ouro, muito jovem, estudante ainda, ingressou na luta pela redemocratização do país e tornou-se, muito cedo, líder estudantil, sendo conduzido à presidência da União Nacional dos Estudantes, a gloriosa UNE, sendo o 1º presidente negro da entidade.
Foi, ainda, vereador por São Paulo e deputado por dois mandatos, tendo assumido o 3º, agora, coincidindo com o 3º também do presidente Lula, mas antes – e também muito jovem, foi ministro dos Esportes, quando teve destacada atuação.
Em sua gestão, foram realizados os Jogos Pan-Americanos e os Jogos Parapan-Americanos de 2007, com grande sucesso e recorde de medalha de ouro. Estes eventos colocaram o país no centro da agenda esportiva internacional nos 10 anos seguintes, ao trazer a Copa do Mundo FIFA de 2014 para o Brasil. Foram entregues 6 mil obras de infraestrutura esportiva em todo o país, de quadras em escolas até grandes complexos esportivos, ampliando a prática esportiva em todos os estados.
Nesse período, foi desenvolvido o Bolsa Atleta, maior programa de apoio direto a atletas de alto rendimento do mundo, além de programas sociais como Segundo Tempo e Esporte e Lazer das Cidades e também foi elaborada e implantada a Lei de Incentivo ao Esporte, estímulo fiscal para investimento privado no esporte, uma reivindicação de 40 anos do setor.
Vamos ficar por aqui, pois o espaço não deve ser muito longo para responder a um energúmeno da estatura de Bolsonaro, que em 5 mandatos de deputado federal e um de presidente, defenestrado pelo povo, não consegue, em seu portfólio, chegar aos pés de Orlando Silva, mas, mesmo assim, do alto de seu pedantismo, resolveu atacar o relator do projeto das Fake News ao afirmar que o deputado não está preocupado com a liberdade.
Que “liberdade” é essa à qual Bolsonaro se refere?
A liberdade das big techs, como o Google, o Twitter e outras megacorporações e monopólios da internet, todas com sede nos Estados Unidos ou na Europa, se transformarem em plataformas para os fascistas e golpistas disseminarem sua campanha sórdida contra a democracia, as instituições republicanas e seus inimigos políticos?
A liberdade para seus amiguinhos, como Elon Musk, dono da Twitter, a quem o ex-mandatário quis, sem sucesso, entregar o monitoramento da Amazônia, agirem “livremente” no Brasil, considerado, por eles, um território sem lei, como foi tratado durante os 4 trágicos anos em que passou pela Presidência da República?
A liberdade para que “amigos” outros, que professam uma falsa religião e exploram a miséria espiritual e material de parcela do povo brasileiro, propaguem heresias contra seus oponentes?
A liberdade para que grupos milicianos preguem o uso incontrolado das armas que passaram a matar crianças e adolescentes nas escolas do País, transformando a instituição do conhecimento em território do medo e da morte?
A liberdade para que criminosos acoitados no anonimato usem as redes para cevar uma das práticas mais abomináveis de todos os tempos, a pedofilia, entre outras?
Ou seja, a “liberdade de expressão”, segundo Bolsonaro, não deve estar associada a nenhuma responsabilidade, mesmo que essa liberdade seja assassina, como foi com a pregação negacionista na pandemia ou com o culto às armas e à violência.
Estamos, definitivamente, diante de um caso patológico: um declarado adorador da ditadura e dos torturadores colocando-se como defensor da liberdade e tentando impingir, como inimigo dela, quem lutou pela democracia e tem toda essa folha de serviços prestadas ao País, como Orlando Silva.
Pura e inaudita blasfêmia, compreensível para alguém que transferiu empresas públicas estratégicas, como a Eletrobrás, bem como ativos da Petrobrás, para monopólios privados estrangeiros através de processos de privatização abomináveis, muitos dos quais judicializados para investigar os inegáveis prejuízos causados ao patrimônio público e à soberania nacional.
E, por falar, em soberania, ele, Bolsonaro, nunca teve qualquer compromisso com qualquer interesse da Nação, seja do nosso território, das nossas riquezas ou qualquer outro, que dirá dos espaços digitais hoje dominados pelas big techs estrangeiras, cujas plataformas sempre constituíram o espaço mais fértil para a proliferação das excrescências fascistas. Aliás, o termo soberania nacional, certamente, deve soar como um palavrão aos seus ouvidos – coisa de comunista. O recurso ao verde-amarelo não passou de um biombo para esconder seu caráter verdadeiramente entreguista e antinacional, como todo fascista.
O Brasil, hoje, com o debate em torno do PL das Fake News, conheceu melhor países que experimentaram essa “liberdade” a que Bolsonaro se refere, como os Estados Unidos, não por acaso, onde se refugiou e ao qual rende não apenas continência à bandeira, mas, também, ridículas e execráveis bajulações.
A terra de Trump, sua referência ideológica, nos últimos tempos, por conta da mesma política de incentivo às armas e ao ódio, passou a ser conhecida muito mais pelas tragédias que acontecem nas escolas e logradouros públicos do que por qualquer outro assunto.
Aqui, não, fascistóide! Aqui, o buraco é mais embaixo, como se diz na linguagem popular, pois, aqui, surgiu o caboclo, fruto da mestiçagem do índio com o branco, como tantos outros que nasceram de pais de etnias diferentes, onde também o negro, como Orlando Silva, teve e continua tendo um papel fundamental na formação de nossa identidade nacional e na luta pela emancipação da Pátria.
A referência de Bolsonaro ao “caboclo” é fruto de seu renitente preconceito, algo doentio, típico dos atuais senhores da Casa Grande aos quais seu governo serviu durante 4 tormentosos anos, especialmente os barões das rendas fáceis, os daqui e os de fora, viciados na apropriação do patrimônio e do erário públicos.
O caboclo que o estúpido desconhece é aquele que nasceu da rica e inigualável mestiçagem que formou – ou ainda está formando – O Povo Brasileiro, como ilustrou magnificamente Darcy Ribeiro ao falar dos amazônidas, entre outras etnias, assim como Sergio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, para ficar apenas nesses dois reconhecidos estudiosos de nossa formação étnica e social.
Somente os ignorantes da estirpe de Bolsonaro podem se sentir ofendidos ao serem chamados de caboclo.
Esse caboclo”, se dependesse da vontade do ex-inquilino do Planalto, deveria continuar nos porões das grandes casas, proibidos de pisar no andar de cima. Inacreditável, para ele, como chegaram ao Parlamento e a tantos outros espaços antes ocupados exclusivamente pelos que seriam, com certeza, naqueles tempos, os “patrões” de Bolsonaro.
Diante de mais esse fato escabroso, não é preciso ter bola de cristal para prever que as futuras gerações conhecerão Bolsonaro como o mais desprezível e medíocre presidente que passou, por um desses acidentes políticos e eleitorais que acontecem a cada século, pela Presidência da República.
Quanto a Orlando Silva, a história será muito diferente…
MARCO CAMPANELLA
bolsonaro e seus capangas querem liberdade para mentir, incitar o ódio, difamar, caluniar, injuriar, desafiar a Justiça, ficar á margem das leis , atacar a democracia e os Tres Poderes, enfim, é um pária e delinquente que deve ser contido e preso junto com sua corja.