Na segunda-feira (5), a direção da Petrobrás divulgou que o preço do gás natural para as distribuidoras terá aumento de 39% a partir do dia 1º de maio. O gás natural é um importante insumo para indústria, além de também ser utilizado em comércio, residências e veículos.
Segundo dados de 2020 da Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), o gás natural, conhecido como gás encanado, é destinado principalmente para a indústria (43%), geração de energia elétrica (38%) e veículos movidos a gás-GNV (9%), com as residências respondendo por apenas 2% do consumo desse combustível no país, mas que nem por isso deixarão de sofrer mais um aumento abusivo no governo Bolsonaro.
O preço do gás natural, não é o mesmo do botijão do gás de cozinha, que também sofreu aumento esta semana, mas o aumento no custo vai afetar ainda mais os consumidores que enfrentam a carestia nos preços dos alimentos, dos remédios, dos aluguéis e da conta de luz. Além dos produtos industrializados, a disparada no preço do gás natural começará a ser sentida também na conta de luz a partir do reajuste tarifário de cada concessionária, segundo a Abegás, e o impacto no preço final para as indústrias pode variar entre 30% e 32%.
“Tem um impacto muito grande para os consumidores finais. Essa parcela que está sofrendo o impacto do reajuste da Petrobrás representa cerca de 60% do custo do gás paga pelo consumidor de gás canalizado”, diz o diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça. Os tributos federais e estaduais representam outros 24% e a parcela das distribuidoras equivale a 17% do preço.
Na última sexta-feira, o governo já havia aumentado em 5% o preço médio de venda do gás liquefeito de petróleo (GLP). O gás de cozinha para as distribuidoras passou a ser vendido a R$ 3,21 por quilo, o que é equivalente a R$ 41,68 por 13 quilos. Este foi o quarto aumento consecutivo neste ano. Para o consumidor, o preço do botijão de gás já é maior do que R$ 80, em média, ultrapassando mais de R$ 100 em muitas localidades no país.
O governo argumenta que os reajustes nos combustíveis seguem a política de paridade dos preços internos com a cotação do petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio do dólar. Além disso, na questão do gás natural incluem os custos de transporte, definidos em tarifa regulada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) – que é atualizada anualmente em maio pelo índice inflacionário IGP-M.
É em meio ao momento mais grave da pandemia, da queda da atividade econômica e do elevado desemprego no país, que o governo Bolsonaro aproveita para passar a boiada do aumento nos preços dos combustíveis. De janeiro de 2021 até agora, a direção da Petrobrás já aumentou a gasolina em 40%; o diesel, em 36,13%; o gás GLP em 22,7%, e o gás natural em 39%; elevando ainda mais os ganhos dos acionistas da Petrobrás, dos importadores de combustíveis e dos demais especuladores dos mercados futuros do setor energético.
Eis o “choque de energia barata” prometido pelo ministro da Economia Paulo Guedes em 2019, que deve elevar ainda mais a inflação para os consumidores no próximo período, comprometendo o já minguado poder de compra do brasileiro.