Atrelamento ao dólar e ao barril de petróleo seguem elevando preços dos combustíveis. Gasolina subiu pela sexta vez consecutiva
O governo Bolsonaro anunciou mais um reajuste dos combustíveis nas refinarias da Petrobrás a partir desta terça-feira (09). A gasolina vai subir 8,8%. O diesel vai ter aumento de 5,5%. Isso representa de R$ 0,23 por litro de aumento na gasolina e R$ 0,15 por litro no diesel. É o sexto reajuste consecutivo da gasolina e o quinto do diesel em 2021, com altas acumuladas de 53% e 40%, respectivamente.
Com uma política de preços totalmente dependente do mercado externo e do dólar, o consumidor brasileiro, em particular o caminhoneiro, vai amargar mais uma alta do combustíveis nas bombas. O decreto assinado por Bolsonaro zerando as alíquotas de PIS/Cofins para o diesel por dois meses há apenas uma semana virou água. O diesel voltou a subir nas refinarias e, na composição final do seu preço, 49% está a cargo da Petrobrás.
Após dois anos acenando para os caminhoneiros com a redução do valor do diesel durante sua campanha eleitoral, Bolsonaro demitiu o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, pelas redes sociais no dia 19 de fevereiro. Desde então, mais dois reajustes foram anunciados pela estatal, ainda sob a gestão de Castello Branco.
Ao indicar o novo presidente, general Joaquim Silva e Luna, Bolsonaro declarou que não vai intervir e disse, assim como Luna e Silva, que a política de preços não vai mudar.
Bolsonaro tenta transferir a responsabilidade pelo descontrole dos preços para os estados, sem promover qualquer mudança na tributação cujas regras persistem há décadas. Volta-se contra as distribuidoras, postos de combustíveis e atira para todos os lados, encobrindo o verdadeiro fator que vem determinando a explosão dos preços da gasolina, diesel e demais derivados do petróleo.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, é possível que, em alguns postos da capital do país, a gasolina passe dos R$ 6 nas bombas. Em São Paulo, onde o preço médio do litro é de R$ 5,00, chegando a R$ 5,60, também não está distante o dia onde os preços do combustível atingirão o mesmo patamar.
Os preços máximos, entre 28 de fevereiro e o dia 6 de março, no Rio de Janeiro, foi de R$ 6,299 por litro e, em Belo Horizonte, R$ 5,868 , de acordo com a Agência Nacional do petróleo (ANP).
O diesel, no mesmo período, registrou preços médios por litro de R$ 4,263 e máximos de R$ 4,499, respectivamente, no Rio de Janeiro e Belo Horizonte, também conforme dados disponíveis na ANP. Os preços máximos nas duas capitais foram de R$ 4,499 por litro.
Metade do ganho obtido com a suspensão por dois meses de impostos federais, implantada por Bolsonaro na semana passada, para tentar acalmar os caminhoneiros, foi por água abaixo com o aumento.
Com base no argumento de Bolsonaro de que estaria no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de competência dos estados, a origem da elevação abusiva de preços do diesel, alguns caminhoneiros fizeram uma manifestação na última semana em São Paulo, em frente do Palácio Bandeirantes, contra o governador João Dória. A realidade se encarregou de escrachar a evidência do real fator que inviabiliza a situação dos caminhoneiros.