Ao chegar ao seu gabinete hoje, o vice foi perguntado por jornalistas se havia sido chamado para a reunião ministerial. “Não, não fui convidado”, respondeu o militar
Jair Bolsonaro convocou um reunião ministerial para esta terça-feira (15) e deixou de fora o vice-presidente da República, Hamiton Mourão, que, desde o início do governo, participava de todas as reuniões. Ao chegar ao seu gabinete hoje, ele foi perguntado por jornalistas se havia sido chamado para o evento. “Não, não fui convidado”, respondeu o vice.
“Sinto falta”, prosseguiu Mourão. “A gente fica sem saber o que está acontecendo”, disse. “É importante que a gente saiba o que está acontecendo, né? Paciência, né? C’est la vie [é a vida], como dizem os franceses”, acrescentou o vice, que no ano passado era convidado para as reuniões ministeriais. Mourão preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL) e acaba de autorizar o retorno das tropas do Exército para ajuda na fiscalização do desmatamento ilegal da região.
Desde o início deste ano, Bolsonaro tem excluído Mourão das reuniões ministeriais. Ele evita convocar reuniões do chamado conselho de governo, que oficialmente inclui o vice, e realiza encontros com seu time ministerial, que não são incluídos na previsão de agenda divulgada pelo Palácio do Planalto.
Em fevereiro, Mourão comentou sua exclusão das reuniões e disse à época que não estava incomodado com a situação. “Não fui convidado. Não fui chamado. Então, acredito que o presidente julgou que era desnecessária minha presença. Só isso”, disse o vice na oportunidade. A informação é de que Bolsonaro fica irritado com a boa relação que Mourão tem com a imprensa.
As diferenças entre os dois integrantes do governo têm se acentuado nos últimos meses e ficaram ainda mais evidentes no episódio da indisciplina do ex-ministro Eduardo Pazuello, que, afrontando o Código Disciplinar do Exército, compareceu a um comício político de Bolsonaro no Rio de Janeiro.
Hamilton Mourão externou a opinião de que o general Pazuello deveria sofrer uma punição por parte do Comando de Exército. Já Bolsonaro, não só foi contra a punição, como fez pressões sobre o Exército para que a transgressão disciplinar de seu ex-ministro, a quem chama de “meu gordinho”, não fosse punida.