O governo Bolsonaro anunciou o seu mais novo inimigo na educação brasileira. Segundo as palavras do atual ministro da Educação, o negocista Abraham Weintraub, que foram chanceladas por um “tuíte” de Bolsonaro, a ideia agora é atacar as faculdades de filosofia e sociologia brasileiras.
Em mais um jogo de palavras vazias, Weintraub afirmou que o ensino de filosofia e sociologia desrespeita o “dinheiro do contribuinte” e que o ensino deve estar centrado em gerar habilidades para os pagadores de impostos.
“A função do governo é respeitar o dinheiro do pagador de imposto. Então, o que a gente tem que ensinar para as crianças e para os jovens? Primeiro, habilidades: poder ler, escrever e fazer conta. A segunda coisa mais importante: um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família dela, que melhore a sociedade em volta dela”, havia dito Weintraub na quinta-feira.
Abraham Weintraub também citou o Japão, afirmando que o país asiático “está tirando dinheiro público do pagamento de imposto” para as faculdades de filosofia, e que “ele [Japão] coloca em faculdades que geram retornos de fato, enfermagem, veterinária, engenharia, medicina”.
“Quem está nos cursos atuais não precisa se preocupar, o direito deles vai ser respeitado, tudo segue vida normal gente”, disse.
Na sexta-feira (26), Bolsonaro conseguiu mostrar as suas “habilidades” e repetiu o discurso de Weintraub: “A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta.”, escreveu o presidente, seguindo pela afirmação de que o que se pretende é “descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia”.
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Nem Bolsonaro, nem Weintraub explicaram o que seria a “descentralização do investimento” nas faculdades. Mas, segundo o próprio exemplo do governo de corte e arrocho em todas as áreas que beneficiem o povo, o que se pode esperar é o total descaso com o ensino brasileiro.
Em março deste ano, o governo anunciou um corte de R$ 5,83 bilhões no já combalido orçamento do Ministério da Educação. Já o atual ministro – que assumiu a pasta após a queda do também olavista Ricardo Vélez Rodriguez – acredita que o problema da Educação são as faculdades de filosofia e sociologia.
Para FHC, reduzir gastos não resolve problema da renda e emprego
As declarações do governo foram alvo de condenação por parlamentares, intelectuais e acadêmicos. O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, considerou que a medida é “mais uma casca de banana” jogada pela própria equipe de Bolsonaro.
“Preocupa o rumo do governo. As cascas de banana postas por sua gente mesmo causam mais estragos do que as oposições. Atua destoando: quer reduzir gastos com filosofia e ciências sociais, como se por aí se resolvesse o que de fato conta para o povo: renda e emprego. Até quando?”, indagou o sociólogo.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, também condenou a atitude. “No âmbito estadual, sempre manterei o respeito aos cursos de filosofia e sociologia. Sem ideias e pensamento crítico nenhuma sociedade se desenvolve de verdade. E não haverá o bem viver que tanto buscamos como direito de todos”, anunciou Flávio Dino em sua conta no Twitter.
O deputado federal Bacelar (Podemos-BA) reagiu à retirada de verbas do MEC destinadas aos cursos de filosofia e sociologia. “Sem ideias e pensamento crítico nenhuma sociedade se desenvolve de verdade. É mais um golpe contra a educação, contra a liberdade de cátedra”, protestou o parlamentar.
Bacelar, que já ocupou o cargo de secretário da Educação de Salvador, apontou que a questão fundamental para a obtenção de renda é existência de oportunidade de trabalho. “Nenhum curso dá retorno imediato se não houver mercado de trabalho, se não houver oportunidades. Não basta ter um diploma na mão. O país precisa ter um crescimento econômico também. Ministro e presidente despreparados”, disparou.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) afirmou que é “gravíssima a proposta do governo de retirar investimentos dos cursos de humanas das universidades. Bolsonaro é chucro como é possivelmente por falta de ensino de humanas. Ao invés de melhorar a educação do povo, quer rebaixar o brasileiro à sua triste condição intelectual”.
Para Alessandro Molon (PSB-RJ), “Bolsonaro e seu ministro da (des)Educação querem matar por inanição os cursos de Filosofia e Sociologia. O presidente quer um país que não reflita, que não dialogue e que não possa se opor aos seus desmandos. Bolsonaro quer emburrecer os brasileiros. Já passou de qualquer limite”.
“Bolsonaro é um inimigo declarado da educação, porque ela põe luz no obscurantismo que o conduziu ao poder! Economize com os servidores fantasmas de sua família e deixe a educação em paz, Presidente”, considerou o senador Randolfe Rodrigues (Rede).
“Bolsonaro não entende de Educação. Tampouco compreende a Economia. Ele quer tirar recursos das Ciências Humanas para investir em cursos que “dão retorno econômico”. 1) Ignora a Autonomia Universitária; 2) Desconhece que emprego é fruto de crescimento econômico, não de formação”, disse o presidente da Campanha Nacional Pelo Direito a Educação, Daniel Cara.
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Isso pra mim é uma idiotice, eles não querem cortar as verbas para essas matérias, por que simplesmente se preocupa com a formação dos jovens. E sim eles querem cortar por que essas matérias fazemas o aluno raciocinar e ser crítico, coisa que as demais matérias não fazem, ou seja com o conhecimento que o aluno adquire nessas matérias é muito grande, e eles tem medo de que esses alunos possam derrubar todo mundo desse governo. Ou seja o governo que criar um bando de retardado que só sabe interpretação de textos, fazer conta e não ter sua opinião própria. É um absurdo isso.