“Ele é alguém que tem uma formação, por notórias razões, avessa à cultura democrática” disse o senador
“Jair Bolsonaro representa claramente uma ameaça à democracia”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), na terça-feira (03), em entrevista a Marco Antônio Villa. “Primeiramente por ele mesmo. Ele é alguém que tem uma formação, por notórias razões, avessa à cultura democrática”, acrescentou o parlamentar.
“Embora ele tenha sido conduzido eleitoralmente para vários mandatos como deputado federal e eleito legitimamente, em um momento de reação popular em relação à política, nas eleições de 2018, ele é alguém avesso à democracia e alguém que conspira diariamente contra a democracia e contra o funcionamento das instituições, denunciou Randolfe. “O parlamento tem reagido pouco a situações como essa”, avaliou.
Para o senador, que é líder da oposição no Senado, as declarações como as de Eduardo Bolsonaro e do Ministro Paulo Guedes, defendendo a volta do AI-5, merecem ser punidas. “Quando assistimos declarações recentes de personagens do governo, de filho de presidente, de Ministro da Economia, favoráveis à volta do Ato Institucional número (AI-5) a aos atos de exceção, o Congresso Nacional tem que reagir com mais força em relação a isso”, defendeu o parlamentar.
“O parlamento tem que agir para impedir isso”, enfatizou o senador da Rede. “O ministro da economia declarar que ‘vejam lá se não vai ter um novo AI-5’, não pode ficar impune. Tem que ter uma repreenda dura no mínimo. Se fosse num outro lugar que tivesse o parlamentarismo, seria um voto de desconfiança e o ministro pelo menos caía”, observou.
“Mais ainda, um deputado federal, filho do presidente da República, faz a declaração que eles utilizarão atos autoritários se o povo for para as ruas e fizer manifestações aqui. Isso é uma ofensa à democracia”, afirmou Randolfe.
“O meu partido representou na Câmara dos Deputados contra ele e o Conselho de Ética da Câmara acatou nossa representação”, disse. “Não é possível conviver num ambiente democrático com alguém que está conspirando contra a democracia”, argumentou o senador.
Randolfe criticou as medias ultraliberais que estão “agravando a situação de miséria do nosso povo”. e disse que o governo está ameaçando par evitar a resistência que virá . “Alguém que diz que as liberdades democráticas de livre manifestação, de ir e vir, serão violentadas, retiradas, se o povo utilizá-las em algum determinado momento, eu considero incompatível, e eu espero que o parlamento dê resposta a situações e atos como este”.
“As medidas ultraliberais que estão em curso têm elevado dramaticamente o empobrecimento da população. Em algum momento essa conta chega. Parece até que as declarações que são dadas por Eduardo Bolsonaro e o Paulo Guedes é uma espécie de ação de intimidação”, completou o líder da oposição no Senado.
O senador avaliou que o Bolsonaro é resultado de um ambiente de insatisfação social que se criou e da ausência de autocrítica do petismo. “Bolsonaro é cria do lulismo”, disse Randolfe.
“É paradoxal não terem nenhuma autocrítica do que aconteceu. Vulgarizaram a agenda do combate à corrupção. Em 2002 a palavra de ordem do PT, do que eu fazia parte, era “Combater a corrupção é melhorar a vida do povo”.
“Depois das revelações sobre o juiz Sérgio Moro e o fato dele ter se tornado ministro da Justiça de Bolsonaro, acho que o presidente Lula tem direito a um julgamento justo”, disse Randolfe.
“Agora, isso não dá o direito a ele de achar que o Brasil se divide entre lulistas e bolsonaristas. O Brasil não pode se resumir a isso. Isso faz mal à democracia”, completou o líder da oposição.
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