Os primeiros 70 brasileiros expulsos dos EUA, após o acordo com o Planalto, chegaram na madrugada de sábado (25) com algemas nos pulsos e nas pernas
Os EUA iniciaram, a partir do mês de outubro, a deportação em massa de brasileiros que emigraram para aquele país.
Depois de um acordo com o ministro das relações Exteriores, Ernesto Araújo, a polícia americana enviou 70 brasileiros que estavam presos em El Paso, no Texas, para Belo Horizonte.
Eles desembarcaram no sábado (25) no aeroporto de Cofins em um voo fretado pela policia norte-americana. Todos estavam com algemas nos pulsos e nas pernas. A humilhação aos brasileiros foi tanta que, perguntado sobre o que achava, Bolsonaro cinicamente disse que “não faria isso com ninguém”. Diante da insistência do repórter, sobre as condições dos deportados, ele apontou: “pergunte ao Trump.”
O Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) informou que “indivíduos presos e sob custódia das forças federais de segurança estão sujeitos a serem algemados”. “Fazer isso está totalmente de acordo com as leis federais e as políticas da agência”, diz o órgão em nota.
A diferença dessa decisão para outras, tomadas anteriormente, é que agora o governo Trump está prendendo e humilhando os brasileiros e expulsando-os de seu território com o total apoio do governo brasileiro.
O Brasil não autorizava o uso de voos fretados para proceder à deportação de brasileiros desde 2006. O Itamaraty alterou a política depois de uma CPI naquele ano, que investigou os abusos cometidos por autoridades americanas.
Trump tem perseguido os imigrantes como um ponto central de seu governo e da campanha à reeleição em 2020. Seu governo baixou uma série de medidas para limitar o acesso ao asilo nos EUA do México e prometeu aumentar as deportações de imigrantes que vivem nos Estados Unidos.
O governo dos EUA quer aumentar o número de voos particulares para deportar brasileiros que tentam entrar no país através da divisa com o México. O número de brasileiros detidos tentando cruzar a fronteira bateu o recorde de 18 mil em 2019.
O governo brasileiro deu luz verde para a deportação em massa dos brasileiros, segundo diplomatas, indicando a mudança de diretriz implementada por Bolsonaro.
E o pior é que os brasileiros que estão na fila para deportação encontram-se presos em péssimas condições no Novo México. Não há o menor apoio do governo brasileiro. Pelo contrário, Bolsonaro agora é um “aliado” de Trump na expulsão de brasileiros.
Em Nova Délhi, onde faz uma visita de Estado de três dias à Índia, Bolsonaro mostrou toda a sua subserviência e disse que entende a política americana e que não irá se esforçar para evitar as deportações de brasileiros que tentam entrar nos EUA.
“Qualquer país do mundo onde pessoas estão lá de forma clandestina é um direito daquele chefe de Estado, usando da lei, devolver esses nacionais”, afirmou.
“O que eu falar aqui vai dar polêmica: eu acho que qualquer país, as suas leis têm que ser respeitadas”, disse.
“De vez em quando converso com ele [Trump], outros assuntos, esse não foi tratado em uma conversa pessoal com ele. Lamento que brasileiros que foram buscar novas oportunidades lá fora voltem deportados. Lamento, mas é a política e temos que respeitar a soberania de outros países”, prosseguiu Bolsonaro.
Ele aproveitou para voltar a criticar a Lei de brasileira, que, segundo Bolsonaro é muito permissiva. Se dependesse de suas opiniões retrógradas, nem os japoneses teriam vindo para o Brasil.
“Se você for ler a nossa lei de imigração, nenhum país do mundo tem isso que nós temos lá. É uma vergonha a nossa lei de imigração”, reclamou o presidente.
Bolsonaro se gaba de ser íntimo de Trump. Queria até emplacar o filho hamgurgueiro na embaixada do Brasil naquele país. Só não o fez porque o Congresso Nacional deixou claro que não autorizaria.
Bolsonaro prometeu unilateralmente que não exigiria mais visto de americanos que quisessem entrar no Brasil, foi o governo no mundo que mais piorou sua balança comercial com os EUA, ou seja, ficou mais negativa, em apoio ao “América Primeiro” de Trump, e se empenhou para facilitar a entrega da brasileira Embraer para a quase falida Boeing. Tudo isso não teve a menor reciprocidade.
Ao contrário, toda essa bajulação de Bolsonaro a Trump só está trazendo prejuízos para o Brasil.