
Líder da extrema-direita na França, Marine Le Pen, foi condenada a 5 anos de inelegibilidade e 4 anos de prisão por desvio de fundos públicos
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, na segunda-feira (31), que a decisão que tornou a líder da extrema-direita na França, Marine Le Pen, inelegível é “claro ativismo judicial da esquerda”. Esta declaração do ex-presidente não está ancorada em nada. Trata-se, apenas, de opinião sem base e formulada a partir de devaneios políticos.
A Justiça francesa condenou Marine por desvios de fundos públicos na época em que era deputada do Parlamento Europeu.
“Essa decisão é um claro ativismo judicial da esquerda”, alegou Bolsonaro para esconder a corrupção de Marine e usar a sua narrativa de suposto perseguido pela Justiça: “A denúncia contra mim também é fumaça, e quem vai julgar a gente põe no mínimo uma interrogação. Que desvio de recurso público é esse da Le Pen? O Trump também foi acusado de algo parecido nos Estados Unidos, ele enfrentou, é bilionário, líder do maior partido, conseguiu enfrentar”.
Bolsonaro está impedido de disputar eleições até 2030. Ele foi condenado pela Justiça Eleitoral por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, após se reunir com embaixadores e criticar, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro.
Na última semana, a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) ainda tornou o ex-presidente réu por tentativa de golpe de Estado.
INELEGÍVEL POR 5 ANOS
A Justiça da França declarou Marine Le Pen inelegível por 5 anos, decisão que passa a valer mesmo que a defesa recorra. A sentença inclui ainda 4 anos de prisão, dos quais 2 devem ser cumpridos em regime domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
A líder do RN (Reunião Nacional), de extrema-direita, deixou o tribunal logo após breve conversa com advogado dela, sem aguardar o anúncio das penas. A defesa rotulou o veredicto como “golpe contra a democracia”, por tê-la tornado inelegível.
De acordo com a investigação, o RN construiu de “forma coordenada e deliberada” sistema de desvio da verba de € 21 mil (cerca de R$ 130 mil) dada aos deputados para pagar os assessores parlamentares. Parte do dinheiro ia para os cofres do partido, prática proibida pela legislação europeia.
QUEM É MARINE LE PEN
Le Pen, que já concorreu 3 vezes à Presidência da França e perdeu as últimas 2 disputas para o atual presidente, Emmanuel Macron, classificou a condenação dela como “decisão política”, que está tentando impedir a candidatura dela, em 2027, à emissora francesa F1.
Qualquer semelhança com os pensamentos e falas de Bolsonaro não é mera coincidência. A extrema-direita no mundo tem o mesmo modus operandi.
Marine Le Pen é herdeira política do pai, Jean-Marie Le Pen, fundador do partido FN (Frente Nacional), em 1972, que deu origem à atual Reunião Nacional.
Jean-Marie Le Pen morreu em janeiro de 2025, aos 96 anos, e deixou na história imagem de negacionista do Holocausto e responsável por declarações extremistas sobre questões de raça, gênero e imigração.