No sábado (18), Bolsonaro defendeu o imposto da CPMF, proposta por Paulo Guedes (ministro da Economia), para seus poucos seguidores aglomerados no Palácio da Alvorada.
Assim como disse que o coronavírus é uma “gripezinha” e um “resfriadinho” que já matou quase 80 mil brasileiros (78.772 óbitos em 24 horas, segundo Ministério da Saúde), Bolsonaro também tergiversou sobre o imposto em transações financeiras, dizendo que a CPMF não é igual à CPMF.
“A proposta de Guedes visa desonerar a folha de pagamento”, disse Bolsonaro para alguns dos seus seguidores que concordam em tudo com ele.
Para tentar embromar os brasileiros, Paulo Guedes também disse na quinta-feira (16) que o imposto não é imposto, dando outro nome para o mesmo imposto.
Ele disse que a equipe econômica deve apresentar ao Congresso sua proposta de reforma tributária na próxima terça-feira (21).
Bolsonaro, que está contaminando pela Covid-19, conversou com os seguidores no fim da tarde do sábado após cerimônia de hasteamento da bandeira. Ele usava máscara e estava ao lado da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).
Ele declarou ainda que o governo federal não deixou faltarem recursos para os estados e municípios combaterem a pandemia. Só não disse que foi à custa de muita mobilização dos parlamentares, dos governadores e dos prefeitos que o governo federal finalmente soltou alguma coisa da ajuda aos estados e municípios.
A sanção da lei complementar Nº 173 – que destinou recursos aos estados e municípios – para enfrentar a pandemia – saiu apenas no final de maio, com vetos, depois de meses, de muitas delongas e de muita briga do Congresso e dos estados para que o governo liberasse o dinheiro.
Parlamentares criticaram na época da sanção da lei o veto de Bolsonaro a reajustes e incentivos aos servidores públicos, principalmente os que trabalham na linha de frente no combate à Covid-19. Exemplo disso foi o senador Major Olimpio (PSL-SP), que ironizou: “Valeu, Bolsonaro! Profissionais da segurança pública perderão a contagem de tempo para quinquênios e outros direitos. Os que estão se expondo no enfrentamento da pandemia só serão penalizados. Vale para o PR [presidente da República] o samba: ‘você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão!’”.
O líder da Rede, senador Randolfe Rodrigues (AP), também questionou naquele momento a medida. “O estelionato eleitoral de Bolsonaro não poupa ninguém! Será retirada dos profissionais da segurança pública a contagem de tempo para quinquênio, licença-prêmio e outros direitos. Mais uma classe que está ajudando no combate à pandemia e recebe esse reconhecimento!”, afirmou.
Bolsonaro voltou a dizer que o Brasil deve “voltar a trabalhar” e que as medidas de quarentena não têm eficácia no controle da Covid-19. “Tem que pensar na economia. Não adianta ficar falando em vida, em vida, em vida, porque o isolamento mata”, disse, segundo ele.
“Miséria e depressão matam mais que coronavírus”, insistiu aos apoiadores, achando poucos os quase 80 mil mortos por coronavírus no país em menos de 4 meses.