
Às vésperas das eleições israelenses, Bolsonaro foi ajudar o marketing de Benjamin Netanyahu – um ladrão, indiciado pela polícia de seu país, que pediu ao Ministério Público sua denúncia por crime de corrupção (v. Bolsonaro confraterniza com criminoso corrupto de Israel).
Essa é a única razão da visita de Bolsonaro a Israel: fazer campanha para um corrupto – e, por tabela, puxar o saco de outro, Donald Trump.
Na segunda-feira (01/04), Bolsonaro anunciou que o Brasil irá abrir um “escritório” em Jerusalém.
Para que o Brasil precisa de um “escritório” em Jerusalém?
Para nada.
Exceto bajular Trump e Netanyahu.
Não se trata, evidentemente, de um recuo em relação à propalada intenção de transferir a embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém.
Pelo contrário, trata-se exatamente da mesma coisa, contra a comunidade e a lei internacional, somente que executada de maneira covarde.
Nisso, a declaração do deputado Eduardo Bolsonaro, que agora virou ministro das Relações Exteriores do governo de seu pai, sem ter sido nomeado para o cargo – e sem que o imbecil nomeado fosse demitido – é menos mentirosa que às de seu genitor: “O escritório em Jerusalém é apenas o primeiro passo para transferir a embaixada”.
Aliás, Bolsonaro pai declarou o seguinte: “O que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel. Se eu fosse hoje abrir negociações com Israel, eu colocaria a embaixada onde? Em Jerusalém”.
A “autonomia” de Israel é um problema de Israel – mas não existe autonomia para tirar a autonomia dos outros, no caso, o povo palestino e o povo brasileiro.
A declaração de Bolsonaro equivale a dizer que o Brasil não tem soberania, que nossa política é seguir Trump – e nada mais. Não é outra coisa a “autonomia” de Israel a que ele se refere: abrir mão da nossa soberania para apoiar um Estado-pária.
Pois, Jerusalém não é território israelense – mas território ocupado por Israel.
Por isso, Jerusalém não pode ser a capital de Israel.
Mais que isso, a anexação de território ocupado é considerada crime de guerra pelo Direito Internacional.
Daí o fato de que, com exceção dos EUA de Trump e da Guatemala, nenhum país do mundo transferiu sua embaixada em Israel para Jerusalém.
O Paraguai, que tinha embaixada em Jerusalém, retirou-a outra vez para Tel-Aviv, após a posse do atual presidente, Mário Abdo.
Na ONU, a anexação de Jerusalém e sua transformação em suposta capital de Israel foi condenada pela esmagadora maioria dos países, em todas as votações (p. ex., v. Por 14×1, ONU reprova, no Conselho de Segurança, Jerusalém ser capital de Israel e ONU derrota posição de Trump sobre Jerusalém por 128 a 9).
Portanto, a única razão para instalar um “escritório” do Brasil em Jerusalém é afrontar a lei internacional, contra quase todos os países do mundo, para bajular Trump e os nazi-sionistas.
Quanto às questões comerciais, elas são graves, mas não são as determinantes.
É verdade que abrir um “escritório” em Jerusalém somente servirá para prejudicar o comércio do Brasil, que, no momento, exporta 44 vezes mais para os países árabes do que para Israel (US$ 14,223 bilhões contra US$ 321 milhões no último ano).
Porém, mesmo que a transferência da embaixada – ou a instalação de um “escritório” – favorecessem o nosso comércio exterior, não seria justa a transferência ou instalação.
Pois é preciso alguma civilização – isto é, respeito às leis – nas relações internacionais.
Caso contrário, é a selva.
Foi o desrespeito a essas leis e regras civilizadas que, sobretudo, tornou o sr. Adolfo Hitler tristemente famoso.
Se Israel e os EUA não respeitam a comunidade e o Direito Internacional, isso não é – como nunca foi – motivo para segui-los, contra todos os outros países da Terra.
Sobretudo quando isso é coisa de serviçal – pois é disso que se trata.
Pois não há nada que esse “escritório” vá fazer – exceto servir de monumento, para o resto do mundo, da submissão nojenta de Bolsonaro.