
O ex-presidente Jair Bolsonaro se recusou a condenar e desmobilizar o ataque de 8 de janeiro de 2023, mesmo provocado por jornalistas, enquanto os bolsonaristas invadiam e depredavam Brasília, mostram mensagens trocadas pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid obtidas pela Polícia Federal.
As mensagens foram obtidas no celular de Mauro Cid após perícia e foram divulgadas pela primeira vez pelo site UOL.
Enquanto os golpistas entravam no Palácio do Planalto, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional, depredando o patrimônio público, o comentarista da Jovem Pan, Paulo Figueiredo Filho, pediu a Mauro Cid que Jair Bolsonaro se manifestasse contra o ato.
“Estupidez sem tamanho. O presidente Bolsonaro precisa se manifestar contra isso AGORA. Pelo amor de Deus. Eu estou no ar na Jovem Pan”, disse o comentarista às 16h36 de 8 de janeiro de 2023.
Mauro Cid, que respondia diretamente a Bolsonaro, respondeu: “Não vai [se manifestar]… Acabei de falar com ele”.
Adepto do golpismo, neto do general João Baptista Figueiredo, o último ex-presidente da ditadura, nem Paulo Figueiredo concordou com o 8 de janeiro, pelo visto.
Bolsonaro só publicou uma mensagem criticando as “depredações e invasões de prédios públicos” feitas por seus seguidores às 21h17, quando o movimento golpista já havia fracassado.
Enquanto conversava com Mauro Cid, Figueiredo comparou o caso com a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, por apoiadores de Trump que queriam um golpe, mas Mauro Cid disse que é “bem diferente”. O comentarista rebateu: “você vai ver o quão diferente [é] quando estiver preso”.
Quando do ataque de 8 de janeiro, Jair Bolsonaro estava nos Estados Unidos, para onde fugiu depois de fracassar em sua tentativa de manter-se no poder com apoio das Forças Armadas.
Na avaliação da Procuradoria-Geral da República (PGR), cujas denúncias contra Bolsonaro e aliados foram aceitas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ataque de 8 de janeiro foi “ato final” e “última esperança” da tentativa de golpe de estado.