O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (17), que o Brasil “está de parabéns” pela forma como preserva o meio ambiente, enquanto 20% do Pantanal já foi queimado, em ações criminosas. A declaração foi dada durante a inauguração de um complexo de produção de energia solar, na cidade de Coremas, no Sertão da Paraíba.
“O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente. E alguns não entendem como, é o país que mais sofre ataques vindo de fora no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns da maneira como preserva esse seu meio ambiente”, declarou.
A declaração de Bolsonaro acontece no momento em que o Pantanal já teve 2,9 milhões de hectares consumidos pelo fogo desde o início de 2020. De acordo com o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais), a área corresponde a quase 20% do todo o bioma.
No dia 16, o Pantanal brasileiro chegou a 15.756 focos de incêndio neste ano, o maior número de queimadas desde 1998, quando o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) começou a registrar números.
Comparado com 2005, o pior ano da série histórica até então para o período, o número de focos acumulados em 2020 é 56% maior.
O fogo se intensificou no mês de junho, quando as chuvas são menos frequentes. No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a estiagem atingiu o pior patamar dos últimos 50 anos. Essa situação contribui para as chamas se alastrarem com mais rapidez sobre uma das maiores planícies alagadas do planeta.
Mas se engana quem acredita que os focos de incêndios são causados pela própria natureza. Segundo perícias realizadas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT), o fogo no Pantanal são provocados por pessoas há cerca de dois meses. Isso quer dizer que não são desastres naturais, mas crimes.
O Imasul (Instituto Nacional de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), juntamente com Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil, apontaram 34 fazendas no Nabileque e Nhecolândia, onde o fogo pode ter começado.
Bolsonaro defende a impunidade para esse tipo de crime. Da mesma forma como aconteceu região amazônica, agora o Pantanal é alvo da destruição pelas queimadas com o mesmo objetivo: grilagem das terras e desmatamento.
No governo Bolsonaro, terras indígenas são invadidas e o Ministro do Meio Ambiente suspende ações contra a grilagem de terras. O presidente? Não fez nada. Está a cargo do Ministério Público a investigação sobre o caso sem contar sequer com uma declaração de apoio do presidente da República.
O avanço do fogo no Centro-Oeste do Brasil está pondo em risco uma das biodiversidades mais ricas do planeta.
Equipes de policiais e bombeiros que atuam no combate aos incêndios relatam um sentimento de tristeza e até mesmo de impotência em alguns casos, pois os incêndios no Pantanal estão deixando marcas de destruição na floresta, no solo, na água, no ar e principalmente sequelas graves nos animais que vivem na região.