Nesta quarta-feira (30), durante um fórum de investidores na Arábia Saudita, Bolsonaro disse que “potencializou” as queimadas na Amazônia por “discordar da política ambiental de governos anteriores”. Sob o resguardo de Bolsonaro, entre janeiro e agosto de 2019, o número de queimadas na região amazônica aumentou 82% em relação ao mesmo período de 2018.
“Há poucas semanas o Brasil foi duramente atacado por um chefe de estado europeu sobre as questões da Amazônia. Problemas que acontecem anos após anos, que é da cultura por parte do povo nativo queimar e depois derrubar parte de sua propriedade para o plantio para sobrevivência. Mas foi potencializado por mim exatamente porque não me identifiquei com políticas anteriores adotadas no tocante à Amazônia. A Amazônia é nossa. A Amazônia é do Brasil”, declarou em referência ao questionamento do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre as queimadas.
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Em seguida, Bolsonaro disse que a “Amazônia não está pegando fogo até porque a floresta é úmida, não tem como pegar fogo”.
“Me acusaram lá atrás de ser desmatador, depois de ser incendiário. Agora, um derramamento de óleo criminoso na costa do Brasil que tem poluído algumas praias do nosso país”, afirmou.
Segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia concentrou 52% dos focos de queimadas registrados em 2019. De janeiro a agosto, o número de queimadas aumentou 82% em relação ao mesmo período de 2018.
Enquanto as queimadas se ampliavam, Bolsonaro iniciou o desmonte das estruturas de combate ao desmatamento ilegal e de fiscalização do Ibama.
Agora, Bolsonaro confessa que “potencializou” as queimadas na Amazônia.
No mesmo período, Bolsonaro demitiu o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão. O órgão é responsável pelo acompanhamento das queimadas no país.
Segundo ele, Galvão estaria “a serviço de uma ONG”, ao divulgar os números das queimadas.
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DIA DO FOGO
Com o incentivo de Bolsonaro, as queimadas passaram a ser organizadas na região, como é o caso do episódio conhecido com “Dia do Fogo”.
Investigações das Polícias Civil e Federal confirmaram que a ação criminosa que ficou conhecida como “Dia do Fogo” foi organizada por grileiros, fazendeiros, madeireiros e empresários, da região de Altamira e Novo Progresso, no sudoeste do Pará. As ações foram combinadas em três grupos no WhatsApp.
Segundo a polícia, os responsáveis fizeram uma “vaquinha” para pagar os custos do óleo diesel e da gasolina, usado para alastrar as chamas. Além disso, contrataram motoqueiros para entrarem nas estradas de terra próximas à floresta espalhando o líquido inflamável.
Nos grupos do WhatsApp, os fazendeiros, empresários e produtores rurais teriam combinado a realização de queimadas em áreas de unidades de conservação. Durante o período dos ataques, ocorreu o aumento de 300% nos focos de incêndio em Altamira e Novo Progresso no dia 10 de agosto. O grupo disse que tinha o apoio de Bolsonaro para a realização das ações.
Aos árabes, Bolsonaro defende transformar reserva em Angra “numa Cancún”
No seu último compromisso no Orente Médio, Bolsonaro afirmou que pretende usar recursos do fundo soberano da Arábia Saudita para criar um balneário repleto de resorts inspirado em Cancún, no México, no lugar da reserva ambiental da baía de Angra dos Reis.
Novamente, ele defendeu a revogação do decreto que criou a Estação Ecológica de Tamoios, em 1990, assinado pelo então presidente José Sarney. A área corresponde a uma unidade de conservação federal de proteção integral e ocupa 5,7% da Baía da Ilha Grande.
“Eu propus ao príncipe herdeiro investimento na baía de Angra para nós a transformarmos numa Cancún. Depois de uma explanação, ele falou que está pronto para investir na baía de Angra. Mas isso passa por um projeto para revogar um decreto ambiental”, disse.