
Ele dizia, durante seu discurso, que seu filho, o ex-deputado Eduardo Bolsonaro, estava nos EUA. O “bananinha”, como é conhecido o ex-parlamentar, foi aos EUA açular Trump a intervir no Brasil
Jair Bolsonaro mentiu em seu discurso no ato realizado na avenida Paulista na tarde deste domingo (6) ao dizer que a maioria do povo brasileiro é a favor da anistia para os criminosos que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Pesquisa Quaest, divulgada neste mesmo dia, afirma o contrário, que 52% dos brasileiros são contra a anistia.
Depois de muitos ataques de seus seguidores aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro, que é réu por tentativa de golpe, também atacou a Justiça brasileira e defendeu a intervenção do governo americano no Brasil. “Tenho esperança que venha alguma coisa de fora para cá”, disse ele, referindo-se ao governo dos Estados Unidos.

Ele disse isso ao referir-se à presença de seu filho, Eduardo Bolsonaro, nos EUA. Bananinha, como é conhecido Eduardo Bolsonaro, foi para os EUA para articular ataques do governo americano ao Brasil. Bolsonaro também elogiou Donald Trump – mesmo este tendo sobretaxado os produtos brasileiros – e defendeu que o Brasil se transforme num regime como o de El Salvador, que ofereceu a Trump cadeias do país para prender imigrantes de outros países.
Em seguida, o ex-presidente, que está inelegível por tentativa de golpe de Estado – um golpe que redundaria no assassinato de autoridades – tergiversou sobre o 8 de janeiro, dizendo que os invasores das sedes dos Três Poderes eram pobres inocentes, eram pipoqueiros e sorveteiros que, por acaso, estavam em Brasília naquele dia.
Defendeu os grupos de depredadores que vandalizaram Brasília, chamando-os de pessoas humildes e pacatas que estão sendo injustiçadas pelo STF. Repetiu a lorota de que não estava preparando golpe nenhum. Que só estava fazendo “consultas”, referindo-se a reunião com embaixadores e outras. Não rebateu em momento nenhum o que seu ex-ajudante de ordem, tenente-coronel Mauro Cid, revelou à Polícia Federal. Só disse que ele foi ameaçado e tentou desqualificar a ação da PF.
Bolsonaro fez um balanço completamente esquizofrênico de seu governo. Mentiu que nele o Brasil estava no pleno emprego. Mentira cínica. Na realidade, seu governo foi o período em que o desemprego atingiu altos índices. Eram 13 a 14 milhões de desempregados. Mentiu também dizendo que defendeu as estatais, quando, na verdade, vendeu a Eletrobrás a preço de banana e fatiou a Petrobrás para entregá-la aos pedaços. Se isso é defender as estatais, imaginem o que seria atacá-las.

Depois desse devaneio e desse delírio sobre sua administração, ele voltou a insinuar que a eleição de 2022 teria sido manipulada. Falou de uma “mão forte” que causou a sua derrota nas urnas. É verdade, houve uma mão forte do povo contra o seu governo. Ele também voltou com a conversa surrada e fiada de que tem que haver apuração pública dos votos, etc. Os velhos ataques às urnas eletrônicas.
Antes dele, o pastor Silas Malafaia só faltou dizer que as pessoas que estavam no 8 de janeiro, depredando Brasília, eram freiras, pastores, santos ou sabe-se lá o que. Fez demagogia com a pichação da estátua da Justiça com batom, como se os fascistas que tomaram Brasília naquela tarde fossem dóceis donas de casa.
Depois de xingar o presidente da República e o ministro Alexandre de Moraes, Malafaia ameaçou a Justiça na questão da prisão de Bolsonaro. Insuflou os presentes a se rebelarem contra a decisão dos juízes.
Michelle Bolsonaro abusou da presença de evangélicos, maioria dos que compareceram ao ato. Aliás, não podia ser diferente, afinal o ato na Paulista foi todo organizado pelo pastor Malafaia. Michelle comparou Bolsonaro a personagens bíblicos e defendeu os criminosos que invadiram e destruíram as sedes dos poderes da República.
Ela montou uma cena patética no carro de som com a presença dos três filhos de Bolsonaro para destacar que Eduardo não estava presente. Fez isso só para frisar que ele fugiu para os Estados Unidos. Tentou passar uma ideia de que ele estaria exilado. Mas a verdade é que Eduardo Bolsonaro largou o mandato de deputado e foi para os EUA açular o governo americano a intervir no Brasil
O governador Tarcísio de Freitas, de olho em 2026, e sabendo que Bolsonaro está inelegível, fez um discurso enchendo a bola do ex-presidente. Nem disfarçou. Terminou gritando “volta, Bolsonaro!” Já o deputado Nícolas Ferreira, conhecido no Congresso Nacional por “chupetinha”, também xingou bastante o Supremo e seus ministros, mas admitiu que Jair Bolsonaro deverá ser preso. Disse que não importa o que aconteça porque “no futuro as coisas vão mudar”. O prefeito Ricardo Nunes também discursou no ato e deu as boas-vindas aos convidados em sua cidade.