O segundo indiciado é o general Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa e ex-ministro da Casa Civil, e da Defesa. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e principal assessor do ex-presidente, também está na lista
A relatora da CPMI do Golpe, no Congresso Nacional, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), concluiu, nesta terça-feira (17) à tarde, a leitura do parecer construído ao longo dos trabalhos de apuração dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes, cuja investigação durou cerca de 5 meses.
A votação do relatório/parecer da senadora vai se dar nesta quarta-feira (18) pela manhã. No texto apresentado, Eliziane pede o indiciamento de 61 pessoas. Encabeça a lista o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a relatora, Bolsonaro é acusado por quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado
O segundo na lista de indiciados é ninguém mais que o general Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa. O terceiro é Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e então secretário de Segurança Pública do DF quando ocorreram os atos de vandalismo.
Deve ser indiciado, ainda, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e principal assessor de Bolsonaro.
OUTROS RELATÓRIOS
Agora, deputados e senadores da oposição devem apresentar os votos em separado — relatórios paralelos —, com foco em suposta omissão do governo federal no dia do ataque, nas prisões de manifestantes e na recusa da acusação de golpe pelo ex-presidente Bolsonaro.
Ao termino da leitura desses relatórios, cujo prazo é de 15 minutos, o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA). vai conceder vistas coletivas.
Como a base do governo tem ampla maioria na comissão de inquérito, esses textos da oposição devem ser todos rejeitados, com a consequente aprovação do relatório da senadora Eliziane Gama.
TRECHOS DO RELATÓRIO DE ELIZIANE
Leia trechos do relatório final da CPMI:
“As investigações aqui realizadas, os depoimentos colhidos, os documentos recebidos, permitiram que chegássemos a um nome em evidência e a várias conclusões. O nome é Jair Messias Bolsonaro. Como se verá nas páginas que se seguem, a democracia brasileira foi atacada, massas foram manipuladas com discurso de ódio”.
“A maior parte dos invasores fazia questão de transmitir, em tempo real, por meio de suas próprias redes sociais, a sequência de depredação dos prédios públicos. Não estavam diluídos na multidão. Orgulhavam-se de seu protagonismo. Buscavam deixar, em cada peça destruída, a sua assinatura, a sua marca, a sua selfie”.
“Não há, pois, contemporização possível com os depredadores. São, sim, plenamente imputáveis. Foram continuamente advertidos de que incorriam em condutas ilícitas, mas preferiram prosseguir. Agiram dolosa e conscientemente contra o patrimônio público e contra as instituições democráticas”.
“De acordo com o jornalista fotográfico [Adriano Machado, da Reuters], boa parte dos presentes demonstrava algum grau de agressividade, e alguns pareciam conhecer as dependências do Palácio do Planalto. A informação foi confirmada no depoimento do general Gonçalves Dias a esta CPMI que afirmou que os manifestantes agiam como se tivessem uma coordenação e como se soubessem o que deviam fazer para cercar o prédio”.
“A reação do Governo do Distrito Federal foi lenta. Apenas às 15h01, quando o Congresso Nacional já havia sido invadido, a delegada federal Marília Ferreira de Alencar, subsecretária da Secretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, ativou a CISSP/DF em status operacional pleno: solicitou a indicação de ingressantes para comparecimento presencial e sugeriu o horário das 16 horas ― mais de uma hora após o rompimento da linha de contenção ― para a reunião dos integrantes das inteligências”.
“No celular apreendido de George Washignton, em conversa realizada com um possível comerciante de material bélico, o vendedor sugere que as armas apresentadas “dariam para começar uma guerra”, no que George responde: “Vamos precisar, viu? Porque o Brasil vai entrar em uma guerra civil ano que vem se o Bolsonaro… se eles roubarem… Se roubarem a eleição do Bolsonaro, o Brasil vai entrar em uma guerra civil”.
“Jair Bolsonaro usou o debate sobre o voto impresso exatamente com essa finalidade. Seus movimentos demonstram que sua intenção imediata era tumultuar e distrair, e não adicionar segurança ao sistema eleitoral brasileiro. Mas, a par desse objetivo gerencial, centrado na promoção deliberada de atritos institucionais com o Judiciário e parte expressiva do Congresso para conseguir impor pautas paralelas, o grande objetivo estratégico era a perpetuação no poder por meio da corrosão da única garantia institucional da alternância política: a Justiça Eleitoral”.
“Para que não restem quaisquer dúvidas, é meritório dizer e repetir, a vívidas vozes e aos quatro ventos: não, a democracia não tolera discursos que, intrinsecamente, querem ferir de morte a própria democracia, sendo esse um instrumento para a sua própria subsistência. Afinal, se a democracia não tivesse mecanismos para se proteger de seus detratores, não seria digna de crédito institucional”.
Veja a lista dos indiciados pela CPMI do Golpe:
- Ex-presidente Jair Bolsonaro
- General Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e então secretário de Segurança Pública do DF nos atos
- General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro
- General Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro
- General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro
- Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
- General Freire Gomes, ex-comandante do Exército
tenente-coronel - Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e principal assessor de Bolsonaro
- Filipe Martins, assessor-especial para Assuntos Internacionais de Bolsonaro
- Deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)
- Coronel Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
- General Ridauto Lúcio Fernandes
sargento - Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
- Major Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde
- Coronel Jean Lawand Júnior
- Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça e ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF
- Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal
- General Carlos José Penteado, ex-secretário-executivo do GSI
- General Carlos Feitosa Rodrigues, ex-chefe da Secretaria de Coordenação e Segurança Presidencial do GSI
- Coronel Wanderli Baptista da Silva Junior, ex-diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI
- Coronel André Luiz Furtado Garcia, ex-coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI
- Tenente-coronel Alex Marcos Barbosa Santos, ex-coordenador-adjunto da Coordenação Geral de Segurança de Instalações do GSI
- Capitão José Eduardo Natale, ex-integrante da Coordenadoria de Segurança de Instalações do GSI
- Sargento Laércio da Costa Júnior, ex-encarregado de segurança de instalações do GSI
- Coronel Alexandre Santos de Amorim, ex-coordenador-geral de Análise de Risco do GSI
- Tenente-coronel Jader Silva Santos, ex-subchefe da Coordenadoria de Análise de Risco do GSI
- Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PMDF
- Coronel Klepter Rosa Gonçalves, subcomandante da PMDF
- Coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF
- Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, comandante em exercício do Departamento de Operações da PMDF
- Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, comandante do 1º CPR da PMDF
- Major Flávio Silvestre de Alencar, comandante em exercício do 6º Batalhão da PMDF
- Major Rafael Pereira Martins, chefe de um dos destacamentos do BPChoque da PMDF
- Alexandre Carlos de Souza, policial rodoviário federal
- Marcelo de Ávila, policial rodoviário federal
- Maurício Junot, empresário
- Adauto Lúcio de Mesquita, financiador
- Joveci Xavier de Andrade, financiador
- Meyer Nigri, empresário
- Ricardo Pereira Cunha, financiador
- Mauriro Soares de Jesus, financiador
- Enric Juvenal da Costa Laureano, financiador
- Antônio Galvan, financiador
- Jeferson da Rocha, financiador
- Vitor Geraldo Gaiardo , financiador
- Humberto Falcão, financiador
- Luciano Jayme Guimarães, financiador
- José Alipio Fernandes da Silveira, financiador
- Valdir Edemar Fries, financiador
- Júlio Augusto Gomes Nunes, financiador
- Joel Ragagnin, influenciador
- Lucas Costar Beber, financiador
- Alan Juliani, financiador
- George Washington de Oliveira Sousa, condenado por envolvimento na tentativa de atentado ao aeroporto de Brasília
- Alan Diego dos Santos, condenado por envolvimento na tentativa de atentado ao aeroporto de Brasília
- Wellington Macedo de Souza, condenado por envolvimento na tentativa de atentado ao aeroporto de Brasília
- Tércio Arnaud, ex-assessor especial de Bolsonaro apontado como integrante do chamado “gabinete do ódio”
- Fernando Nascimento Pessoa, assessor de Flávio Bolsonaro apontado como integrante do chamado “gabinete do ódio”
- José Matheus Sales Gomes, ex-assessor especial de Bolsonaro apontado como integrante do chamado “gabinete do ódio”