O candidato do Partido Pátria Livre (PPL) à Presidência da República, João Goulart Filho, condenou a decisão do governo de entregar a Base de Alcântara para os EUA. Ele afirmou que os militares brasileiros não concordam com essas propostas defendidas por Jair Bolsonaro. Ele citou, na entrevista à TV Metrópole, da última sexta-feira, a entrega da base militar de Alcântara (MA) aos Estados Unidos, propugnada por Temer e por Bolsonaro. “Não acredito que nem os nossos militares concordam com essas ideias deste candidato”, disse o presidenciável. Ele tem argumentado também que “os militares brasileiros não concordam com a entrega da Amazônia”, proposta defendida pelo candidato do PSL, que advogou recentemente que empresas estrangeiras, de preferência as americanas, fossem chamadas para explorar a Amazônia brasileira.
Goulart manifestou também sua indignação com as afirmações do candidato do PSL, e de seu vice, o ex-general Mourão, feitas recentemente, contra a democracia. “Ele [Bolsonaro] é um candidato que se apresenta dentro de uma democracia, mas prega a volta da ditadura. Isso não faz sentido. Ou ele respeita as regras da democracia ou defende a ditadura”, disse. Já Mourão defendeu a substituição da atual constituição por outra, outorgada, como foi a de 1967, imposta ao país em plena ditadura.
João Goulart Filho contestou a ideia de que o Brasil deva entregar suas empresas para o capital estrangeiro. “Os entreguistas defendem essa visão, mas ela está errada”, disse ele. “O capital estrangeiro ficou viciado em comprar nossas empresas e remeter os lucros para as matrizes. Isso sangra a nossa economia”, destacou o presidenciável. Na opinião do candidato “o país tem é que aumentar o investimento público, porque ele é que puxa o investimento privado nacional”. “Os recursos para os investimentos virão”, segundo ele, “da redução dos juros e das desonerações”.
Em visita ao município de Mariana, no interior de Minas Gerais, João Goulart apontou a ganância dos controladores privados das Vale como principal responsável pelo desastre ecológico que destruiu a bacia do Rio Doce. Foi, segundo ele, “o maior crime ambiental de nossa história”. “Privatizaram a Vale por um preço ínfimo, e o que nós vimos foi esse desastre provocado pela busca desenfreada de lucros. Isso é o resultado dessas privatizações. Nós vamos reestatizar a Vale e defender nossos minérios estratégicos”, afirmou João Goulart.
Em vídeo divulgado no fim de semana, ele criticou os candidatos que seguem defendendo ajustes neoliberais. “Esses ajustes, que vêm dos governos do PSDB, PT e MDB, são feitos exclusivamente sobre os direitos dos trabalhadores. E são esses mesmos ajustes que estão prejudicando a economia do nosso país”, denunciou. “As nossas empresas estão com capacidade ociosa de 25%, algumas chegam até a 40%. Não há compradores. Nosso mercado interno está engessado por essa política dos ajustes. Precisamos acabar com isso e aumentar o salário mínimo para que o mercado interno se amplie e a economia possa avançar”, defendeu.
Em entrevista nesta segunda-feira (15), em Jundiaí, interior de São Paulo, Goulart disse que “outra maneira de ampliar o mercado interno é realizar a reforma agrária”. “São cerca de 4 milhões de famílias que precisam ser assentadas para produzir alimentos e gerar renda. “O que estamos fazendo esse tempo todo é brincar de reforma agrária”, observou. “No ritmo que vinha sendo feita, com uma média de 50 mil assentamentos por ano, levaríamos 50 anos para fazer essa reforma, sem contar que continua havendo demanda”, afirmou. “É necessário que ela seja feita em quatro anos”, salientou João Goulart Filho.
SÉRGIO CRUZ