Os debatedores do mais recente evento do ciclo de debates sobre “Democracia, Sociedade Civil e Estado Democrático”, organizado pelo Observatório da Democracia, concluíram que Bolsonaro, além de ameaçar as instituições democráticas, é um perigo para a mobilização contra a Covid-19.
O debate foi mediado por Luzia Ferreira, diretora da Fundação Astrojildo Pereira (Cidadania23), presidente do partido em BH e secretaria de Desenvolvimento Social e Segurança Alimentar de Contagem.
Luzia declarou que “nós não temos uma liderança no poder central para poder coordenar as ações e as saídas para a crise. Nós temos, pelo contrário, um presidente que atua com foco na disputa ideológica, na polarização com a sociedade, com governadores e com prefeitos, que são agentes fundamentais, especialmente no combate à pandemia”.
O ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), GIlson Dipp, afirmou que Jair Bolsonaro “está com medo” das investigações sobre sua rede de fake news.
“Está tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) o inquérito das fake news. Ele está focando naquelas pessoas que, a pretexto de usarem da liberdade de expressão, cometem os mais nefandos crimes contra a segurança nacional, contra a honra do STF, do Congresso Nacional”.
“Esse inquérito vai atingir uma série de empresários, deputados e blogueiros que são a alma da atuação do presidente. O Bolsonaro sabe disso e tem medo disso, ele sabe que o Supremo não vai brincar com essas provas”.
Segundo Dipp, o material probatório desses inquéritos servirá para outros que estão tramitando no TSE. “Vai ter um compartilhamento dessas provas no TSE. O presidente está com vários inquéritos no TSE exatamente em função do descalabro dos robôs que impulsionaram a sua eleição.
“Estamos à beira de um caos social provocado pelo presidente. O presidente só sabe governar para os fanáticos. Esse presidente está levando à um genocídio nacional”, concluiu.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Cid Benjamin, afirmou que Bolsonaro joga para desmoralizar as Forças Armadas.
“Isso é ruim para elas e para o país. Ao país interessa ter Forças Armadas respeitadas, coesas e respeitadoras das leis, que a população tenha orgulho delas”, comentou.
Para o vice da ABI, “a garantia da democracia implica em enfrentar e afastar o Bolsonaro”, comentou.
Durante o debate, o jornalista também discutiu a situação da pandemia. “Nós temos que evitar o crescimento da contaminação e tratar dos doentes”.
“Nós temos defendido a instituição de uma fila única. Não tem sentido que as pessoas morram por falta de equipamentos enquanto ao lado há hospitais privados com equipamentos ociosos. É uma questão fundamental e de um mínimo de humanidade”.
Ele afirmou que “efetivamente, criaram-se obstáculos e dificuldades” para o pagamento do auxílio emergencial. “Parece que não se quer dar esse dinheiro. Vale também a ajuda às pequenas e médias empresas, que estão encontrando enormes dificuldades”.
O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, também alertou para as intenções antidemocráticas de Bolsonaro. “O Bolsonaro, se puder, vai governar com poderes absolutos. Só os democratas vão conter os seus ímpetos autoritários”.
Também participou da discussão a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Carol Proner.
O debate foi organizado pelo Observatório da Democracia, que é composto pelas fundações partidárias Astrojildo Pereira (Cidadania23), João Mangabeira (PSB), Lauro Campos e Marielle Franco (PSOL), Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (PDT), Maurício Grabois (PCdoB), Ordem Social (PROS) e Perseu Abramo (PT). A Fundação Cláudio Campos também participa.
Os debates são transmitidos no Youtube do Observatório da Democracia:
https://www.youtube.com/channel/UCujcl6Y6-BAfsgojXkAQFRg
Pelas fundações:
Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini
Fundação Lauro Campos e Marielle Franco
Fundação Instituto Cláudio Campos