
Depois de privatizar os gasodutos da Petrobrás, governo e seus aliados querem tirar R$ 100 bilhões dos cofres públicos para beneficiar empresa privada de Carlos Suarez, que diz não ter dinheiro para investir na obra
Bolsonaro e sua base no Congresso, regada com o “orçamento secreto”, não estão satisfeitos com os R$ 16 bilhões abocanhados através da chamada emenda de relator.
Só para se ter uma ideia, descobriu-se agora, por pressão do STF, que Arthur Lira sozinho foi responsável por mais de R$ 350 milhões só para Alagoas.
Mas, eles não estão saciados. Armaram um esquema para desviar R$ 100 bilhões do Tesouro Nacional para a construção de um gasoduto que vai beneficiar um empresário, Carlos Suarez, conhecido por “rei do gás”, e seus sócios.
Com as privatizações, o empresário é hoje o único dono de autorizações para distribuir gás em oito estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Eles alegam que não têm recursos para investir e querem que o governo construa para eles os gasodutos.
Nos planos do governo e do Centrão está retirar R$ 100 bilhões do lucro com a exploração do pré-sal que teriam como destino o Tesouro Nacional. Segundo a colunista Mônica Bergamo, a resistência do almirante Bento Albuquerque à essa falcatrua teria sido o real motivo de sua demissão e não a política de preços da Petrobrás. O valor se aproxima a tudo o que o governo tem para despesas com investimentos e custeio da máquina pública em 2022.
Eles querem direcionar a quantia para quitar o custo das obras que deveriam ser financiadas pela iniciativa privada. Afinal, o governo alegou que tinha que privatizar as distribuidoras e a rede de gasodutos da Petrobrás porque isso traria investimentos privados. Além das oito distribuidoras no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o empresário possui quatro autorizações para construção de redes de gasodutos.
Agora, o empresário que tomou conta da distribuição do gás simplesmente no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste quer que o governo gaste R$ 100 bilhões de dinheiro público para beneficiar suas empresas. As empresas estrangeiras que compraram os gasodutos da Petrobrás não investem nada. Elas só vivem do aluguel que a própria Petrobrás tem que pagar pelo uso do gasoduto que antes pertencia à estatal .
Desde 2015, já houve ao menos dez tentativas de criar o fundo para bancar a rede de gasodutos, conhecido como Brasduto, por meio de projetos de lei e medidas provisórias. Nenhuma teve êxito. Desta vez, porém, Bolsonaro e o Centrão acreditam que têm voto suficiente para concretizar o plano apelidado no meio político de “Centrãoduto”. A artimanha prevê que seja incluído um “jabuti” – no projeto de lei 414, texto que trata de medidas para a privatização da Eletrobrás.
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