“Não vou interferir em nada. Não tenho poder de interferir na Petrobrás”, afirmou Bolsonaro, neste domingo em Brasília, sobre a alta nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha
A imagem de pessoas desesperadas revirando lixos atrás de comida está se tornando uma triste rotina no cenário brasileiro dos últimos meses. Com 19 milhões de pessoas passando fome e mais de 100 milhões em insegurança alimentar. O drama dessas pessoas famintas se choca com o completo descaso de Jair Bolsonaro e de Paulo Guedes, que acabam de afirmar, neste domingo (24), em Brasília, que não vão interferir em nada. Vão deixar os preços continuarem subindo.
O preço da gasolina está numa verdadeira explosão e já passa de R$ 7,50, enquanto o diesel já está sendo vendido a R$ 6 e o gás de cozinha a R$ 135. Este último, Bolsonaro prometia na campanha que entregaria a R$ 35. Um descontrole total. E o que ele diz? “Não vou interferir em nada. Não tenho poder de interferir na Petrobrás”, afirmou Bolsonaro, ameaçando privatizar a empresa. “Estou conversando com o Paulo Guedes sobre o que fazer com ela [Petrobrás] no futuro”, anunciou, como se a Shell ou outra multinacional praticassem outra política que não a de rapina e de preços extorsivos.
VENENO PODE VIRAR VACINA
Paulo Guedes, um serviçal dos monopólios estrangeiros que se fez no submundo da agiotagem e da especulação financeira, esfregou as mãos e, ao lado de Bolsonaro, disse que a Petrobrás é um “veneno que pode virar vacina”. Provavelmente, pensou em vacina porque já deve estar fazendo cálculos de quanto vai ganhar com a venda da estatal, usando conhecida senha bolsonarista da Covaxin: “um dólar por dose”.
Sobre os alimentos, Bolsonaro foi ainda mais irresponsável. Ele acabou com os estoques reguladores e deixou os preços à mercê da especulação. Os alimentos, também com preços dolarizados, estão sendo em grande parte exportados. Para abastecer o mercado interno os produtores querem o mesmo preço que eles obtêm em dólar. Resultado, com a alta do dólar, os preços dos alimentos também estão subindo sem parar e a população está tendo cada vez menos acesso a eles. Bolsonaro repete que não interfere porque é “o mercado que deve resolver”.
GUEDES E AS ILHAS VIRGENS BRITÂNICAS
Na quinta-feira (22) Bolsonaro e Guedes apareceram, como dois lunáticos, na TV, dizendo ao país que o Brasil foi quem menos sofreu com a pandemia. Que o governo ajudou muito no combate às vítimas de Covid-19 e que o governo foi quem se saiu melhor na crise sanitária em todo o mundo. Disse ainda que o país já está crescendo novamente e que está tudo um verdadeiro espetáculo. Ou seja, um show de mentiras e de fake news.
O que deve estar um espetáculo mesmo é a conta secreta de Paulo Guedes nas Ilhas Virgens Britânicas. A cada alta do dólar, provocada pelas insanidades, tanto de Bolsonaro quanto dele próprio, alguns milhões a mais engordam o saldo milionário do ministro. Ele escondeu R$ 50 milhões no paraíso fiscal. Quando ele abriu a conta secreta, o dólar comercial custava R$ 3,87. Atualmente, cada dólar equivale a mais de R$ 5,65. Dessa forma, Guedes vem lucrando aproximadamente R$ 14 mil por dia. Isto sim é um “espetáculo”.
Paulo Guedes faz parte de um seleto grupo de cerca de 20 mil pessoas que mantêm 204 bilhões de dólares em contas declaradas no exterior, segundo o BC. Mas os especialistas calculam que a cifra em dinheiro ilegal é muito superior e seria de um trilhão de dólares. Isso explica o apego de Guedes ao cargo. Ele toma decisões que só fazem elevar sua fortuna lá fora. Este foi o caso do projeto que iria taxar recursos depositados no exterior. Foi Guedes quem convenceu o relator do projeto a retirar a cobrança da taxa. Ele mesmo aplaudiu. Só aí, embolsou milhões de reais.
CPI CONCLUIU QUE BOLSONARO COMETEU 9 CRIMES
No discurso lunático em que o Brasil seria o “campeão de tudo”, Bolsonaro não falou uma palavra sobre as mais de 605 mil brasileiros vítimas da Covid-19. Ele, com sua sabotagem às vacinas, colocou o Brasil como campeão mundial, não de eficiência, mas de mortos por milhão de habitantes, e o segundo do mundo em número absoluto de vítimas fatais. Mas ele acha que não tem nada com isso. Ao contrário do que pensa a CPI da Pandemia. Os senadores já têm provas robustas e vão acusar o capitão cloroquina de ter cometido ao menos 9 crimes, entre eles o crime de epidemia resultando em morte, que tem pena maior do que homicídio.
Em sua fala, Bolsonaro só pensa em mentir para tentar se safar do julgamento implacável de 2022. Todos os problemas de seu desgoverno, inclusive o descontrole inflacionário e o aumento da fome, são dos outros. É ele quem indica o presidente da Petrobrás, é o seu governo, e ninguém mais, quem mantém o criminoso atrelamento dos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha ao dólar e ao barril de petróleo, mas quando os preços saem do controle internamente, ele diz que a culpa é dos governadores, dos prefeitos, etc.
É mais uma mentira. A alíquota de ICMS cobrada pelos estados e municípios na compra de combustíveis e gás de cozinha está congelada desde 2015 e não interfere em nada no aumento dos preços. É o governo federal que está permitindo a dolarização da gasolina e, com isso, a disparada dos preços. Por isso a gasolina está subindo quase semanalmente.
SEM CONTROLE GOVERNAMENTAL
Não há nenhum controle governamental sobre os preços. Resultado, os preços dos alimentos estão explodindo e a população está tendo cada vez menos acesso a eles. Bolsonaro repete que não interfere. Quando o preço sobe lá fora, ele é repassado imediatamente para os preços internos. E eles dizem que é a ação do “livre mercado”.
Está sendo assim com a carne e com os combustíveis, por exemplo. Estes últimos estão subindo quase semanalmente e já estão levando os caminhoneiros a preparar uma greve nacional para o dia 1 de novembro. Já em relação ao outro exemplo, da carne, fica claro o que é “deixar o mercado resolver”. Quando o preço cai, como está ocorrendo agora com a suspensão da compra pela China, os preços internos não caem. E o governo não diz uma palavra. É muito descaso com a vida do povo brasileiro.