“Sem liberdade de imprensa, só a desinformação chega até você”, afirma a ANJ
“A maior ameaça aos jornalistas brasileiros é o Presidente da República, Jair Bolsonaro, que também se coloca como a maior ameaça ao combate à pandemia no país”, disse a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, 3 de maio, no domingo, a Federação publicou o levantamento que fez da quantidade de ataques feitos por Bolsonaro contra a imprensa desde o começo do ano.
Em quatro meses, “Bolsonaro proferiu 179 ataques à imprensa, sendo 28 ocorrências de agressões diretas a jornalistas, duas ocorrências direcionadas à Fenaj e 149 tentativas de descredibilização da imprensa”.
Somente em abril, “foram 38 ocorrências, sendo seis ataques a jornalistas e 32 casos de descredibilização da imprensa”.
Segundo a entidade, “as declarações continuam agressivas quando relacionadas ao contexto do coronavírus. Ele tenta responsabilizar a imprensa por um ‘caos’ ou ‘histeria’ com relação à doença, e chegou a chamar os profissionais de ‘urubus’, além de zombar das condições de trabalho dos profissionais jornalistas enquanto esperam por suas declarações afrontosas”.
“O mundo todo está vendo desde o início do ano quais as medidas de combate à propagação da doença que dão certo e em quais países outras ações deram errado. E essas informações chegam até os brasileiros pelos jornalistas, que apuram, que fazem o processo de checagem, que se colocam em risco para exercer a profissão”, disse Paula Zarth Padilha, diretora da Fenaj e uma dos responsáveis pelo monitoramento dos ataques de Jair Bolsonaro.
“No Brasil, quem mais propaga desinformação e ataques à nossa profissão é o presidente. O monitoramento da Fenaj materializa esses dados para a sociedade”, continuou.
Para Maria José Braga, presidente da Fenaj, “os jornalistas são os verdadeiros garantidores da liberdade de imprensa e merecem reconhecimento e respeito”.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ), também na data, pediu “liberdade para apurar, checar, rechecar e fazer chegar a você a verdade sobre os fatos”.
“É no jornalismo responsável que as pessoas se sentem seguras. Prova disso é o aumento de 72% na procura por informação de credibilidade nos sites jornalísticos em meio ao caos provocado pela pandemia e pelas notícias falsas”.
“Sem liberdade de imprensa, só a desinformação chega até você”, concluiu.
Neste mesmo domingo, insuflados por Bolsonaro após as denúncias de Sérgio Moro, bolsonaristas ensandecidos agrediram repórteres da Rede Globo, do jornal Estadão e da Folha de S. Paulo, durante a carreata da morte – pelo fim da quarentena.
O fotógrafo Dida Sampaio, do Estadão, registrava imagens do presidente em frente a rampa do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, numa área restrita para a imprensa quando foi agredido.
O fotógrafo foi cercado por um grupo bolsonarista, derrubado por duas vezes e chutado pelas costas, além de tomar um soco no estômago. Além dele, o motorista do jornal, Marcos Pereira, também foi agredido.
Repórteres e profissionais de imprensa, como da Folha, foram empurrados e ofendidos verbalmente.
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