1.308 mortes em 24 horas. Pacientes que não tomaram vacina e estão internados em estado grave se arrependem de terem seguido a estupidez negacionista do “mito”. Alguém terá que pagar por este genocídio anunciado
Nos últimos dias estamos assistindo à uma elevação impressionante no número de casos de Covid-19 no Brasil, quase todos provocados pela variante ômicron. Foram 197.442 novos casos nas últimas 24 horas, com 1.308 mortes, segundo o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde. O maior número de mortes desde julho do ano passado.
O governo federal, como sempre, não dá a menor importância para estes números. Não oferece nenhuma condolência às famílias enlutadas. Segue atrapalhando a vacinação. A única morte que comoveu o “mito” foi a de seu guru, o astrólogo maluco, Olavo de Carvalho, para quem foram prestadas todas as homenagens oficiais. Na opinião de Bolsonaro, esses números de mortes estão sendo inflados só para atrapalhar sua campanha de reeleição.
O fato é que, se ele já era responsável por boa parte das mais de 600 mil mortes da primeira e da segunda fases da pandemia, por conta de sua sabotagem à compra de vacinas e sua campanha contra as medidas sanitárias, nesta terceira onda, as digitais de Bolsonaro nas mortes são ainda mais evidentes.
Sua cruzada contra a ciência, contra a medicina e contra as vacinas, apesar de ter sido derrotada, já que quase 80% da população desprezou as suas idiotices e se vacinou, fez com que mais de 20% dos brasileiros ficassem sem proteção.
São cerca de 70 milhões de pessoas que ainda não se imunizaram. E são exatamente esses, que seguiram as ordens do “mito” e que continuam resistindo à vacinação, os que estão sofrendo mais as consequências dos ataques da ômicron. Eles estão sendo as principais vítimas do negacionismo do Planalto.
As pesquisas feitas entre os pacientes graves, internados em UTI, confirmam que seguir Bolsonaro não foi um bom caminho.
Por volta de 90% dos pacientes internados em UTI em Brasília eram de não vacinados, informou a Secretaria de Saúde da capital. Na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, onde a população foi vacinada em massa, apesar de ter havido uma elevação recente do número de casos de Covid-19, não houve elevação no número de mortes. É a confirmação cabal da eficácia das vacinas.
No Rio de Janeiro, a prefeitura também fez o levantamento e constatou que 88% dos pacientes graves eram de não vacinados. Dados do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte do Rio, referência no tratamento de Covid-19, mostram que a maioria dos casos de Covid-19 que agrava (mais de 90%) é em não vacinados ou em quem está com a vacinação incompleta.
Esta foi a análise feita pelo diretor do Ronaldo Gazolla, Roberto Rangel. “A ômicron aparentemente tem um menor potencial de levar ao agravamento. Mas observamos que os casos que evoluem para uma maior gravidade são os de não vacinados ou com esquema vacinal incompleto. Muitos deles estão intubados ou à beira de ir para a intubação” afirma o gestor.
A intensivista e cardiologista Ludhmila Hajjar, que foi cotada para assumir o Ministério da Saúde, declarou que atualmente as UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) estão lotadas de pacientes não vacinados contra a covid-19 e alertou para os danos da doença entre profissionais da saúde. As UTIs estão atualmente só com casos de Covid entre os não vacinados. Os imunizados dificilmente passam do atendimento ambulatorial”, disse ela.
A médica condenou as tentativas, partidas principalmente do governo federal, de afrouxar as medidas de proteção contra a nova variante. “Nesse momento, com o número de infectados em ascensão, com o surgimento de novas variantes, ainda com desigualdade na aplicação das vacinas, eu sou contra abolir uso de máscaras, medidas simples, disponível e efetiva contra a covid-19”, acrescentou a infectologista.
Um reportagem recente, feita com médicos da maior UTI de São Paulo, além de confirmar as estatísticas observadas em outras capitais, revelou também que um grande número de pacientes manifestaram arrependimento antes de morrer por não terem tomado a vacina contra a Covid-19. Em Belo Horizonte, a UTI da Santa Casa constatou que 80% dos internados não eram vacinados e muitos deles estavam arrependidos.
“Todos eles, pacientes e familiares, me trazem uma culpa muito grande se questionando o porquê de não terem se vacinado e se a vacina os livraria da internação”, conta a psicóloga Daniela Pacheco, entre uma videochamada e outra com familiares de pessoas sob cuidados médicos na UTI.
A população brasileira, que majoritariamente já condenava o comportamento irresponsável de Bolsonaro diante da pandemia, agora está observando essa nova piora do quadro sanitário e constata novamente que o capitão cloroquina insiste em seguir sua cartilha obscurantista contra a ciência. Estes números de mortos, quase todos de não vacinados, que estão de novo subindo aceleradamente em todo o país, serão inevitavelmente colocados na conta da campanha genocida empreendida por Bolsonaro e seus auxiliares.
SÉRGIO CRUZ