
“Quer usar parte da família de Marcelo Arruda para limpar o sangue que tem nas mãos por esse crime político”, afirmou o deputado, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) caracterizou como “sórdida” a tentativa de Jair Bolsonaro de usar a parte bolsonarista da família de Marcelo Arruda, petista que foi assassinado em Foz do Iguaçu, “para limpar o sangue que tem nas mãos por esse crime político”.
“Quer fazer palanque, só pensa em voto. Vai colher a repulsa do povo na urna. Cafajeste!”, criticou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
“Bolsonaro diz que não tem nada a ver com o assassinato de Marcelo Arruda. Não? Quem disse que ia ‘fuzilar’ a petralhada? Quem prega armar a população? O assassino tem fotos nas redes com o filho de quem? Bolsonaro é responsável por pregar ódio político”, continuou Orlando.
“SÓRDIDO! Bolsonaro é uma depravação moral incapaz de respeitar o luto das pessoas. Quer usar parte da família de Marcelo Arruda para limpar o sangue que tem nas mãos por esse crime político. Quer fazer palanque, só pensa em voto. Vai colher a repulsa do povo na urna. Cafajeste!”, continuou.
Marcelo Arruda, tesoureiro do PT de Foz de Iguaçu, estava comemorando seu aniversário de 50 anos, no sábado, com uma festa temática do PT, quando o bolsonarista Jorge José Guaranho invadiu o local e começou a gritar “aqui é Bolsonaro!” e ameaçar os presentes. Guaranho voltou alguns minutos depois e entrou no local atirando no aniversariante, que faleceu.
Quando estava no chão, Marcelo Arruda, que é guarda municipal, conseguiu revidar com cinco tiros. Arruda faleceu e Guaranho está internado.
Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, saíram em defesa de Guaranho e tentando argumentar que o assassinato não teve nada a ver com política.
Na terça-feira (12), Bolsonaro usou um deputado de sua base para fazer uma ligação para dois irmãos de Marcelo, José e Luiz Arruda, que apoiam o governo.
Na ligação, Bolsonaro convidou os dois, que sequer estavam na festa de Marcelo Arruda, para participarem de uma coletiva de imprensa em Brasília para tentar minimizar o desgaste do seu governo.
A viúva, Pâmela Suellen Silva, reclamou da ligação que foi feita para os dois irmãos de Marcelo que são bolsonaristas. “Absurdo, eu não sabia”.
“Acredito que Bolsonaro está preocupado com a repercussão política, porque, tanto no vídeo que fez no cercadinho como no que conversa com os irmãos do Marcelo, Bolsonaro diz que estão tentando colocar a culpa nele”, comentou.
Um filho de Marcelo, Leonardo de Arruda, falou que “o ódio não está na nossa família. A gente estava comemorando, não foi a gente que procurou isso. Não foi a gente que matou. A gente não odeia ninguém”.
Bolsonaro, para minimizar a gravidade do assassinato, inventou que a família Arruda arremessou uma pedra contra o carro do assassino Guaranho, que estava “pacificamente” passando na rua. Também deu ênfase ao fato de que quando Guaranho caiu no chão, após ter matado o aniversariante, recebeu chutes dos presentes revoltados com o crime.
Luziana de Arruda, irmã de Marcelo Arruda, falou que o vídeo da ligação que Bolsonaro fez para os irmãos bolsonaristas “foi usado para cunho político, quando as declarações do senhor presidente da República e do seu vice não foram as declarações legais”.
“De repente eles resolvem se compadecer da nossa família, resolvem querer nos ouvir. Acho que ele viu que a coisa tomou proporção gigantesca e resolveu voltar atrás das palavras”, disse.
“Depois que bate, ele resolve consolar. A mesma mão que pune é a mesma mão que afaga?”.