O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, escreveu em seu Twitter, após operação da PF contra o plano de golpe do governo Bolsonaro, que seus “amigos” golpistas foram “derrotados pelas suas ambições”.
Seu comentário nas redes começou parafraseando um trecho de uma mensagem do general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, obtida pela investigação.
“A ambição derrota o caráter dos fracos. Aliás … revela”.
“Já tendo passado dos 60 anos, não tenho mais o direito de me iludir com o ser humano, nem mesmo aqueles que julgava amigos e foram derrotados pelas suas ambições”, escreveu o ex-comandante.
A primeira frase foi usada por Braga Netto em mensagens trocadas com major Ailton Barros na qual deu orientações para ataques contra Carlos de Almeida Baptista Junior e o então comandante do Exército, general Freire Gomes.
Braga Netto mandou para Ailton imagens com fotos de Baptista Junior que falavam para ele “calar a boca” e “honrar a farda”.
Outra imagem também dizia: “Não coloque esta ‘Estrela’ na sua patente”, possivelmente se referindo à estrela que é símbolo do PT.
“Senta o pau no Batista Junior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feitas e ele fechado nas mordomias. Negociando favores. Traidor da pátria”, escreveu o ex-ministro de Bolsonaro, Walter Braga Netto.
“Dai para frente, inferniza a vida dele e da família”, continuou.
Braga Netto ainda orientou Ailton Barros e “elogiar o Garnier”, ex-comandante da Marinha que apoiou a tentativa de golpe, e “foder o BJ [Baptista Junior]”.
Novamente em seu Twitter, Baptista Junior comentou sobre uma coluna no Estadão e ressaltou a importância do “compromisso dos comandantes militares com a legalidade” para impedir o golpe bolsonarista. “Cumpro as leis porque é o certo!”, escreveu.
A revista Veja revelou que, em depoimento à Polícia Federal, Baptista Junior falou muito sobre a organização do golpe de Estado pretendido por Bolsonaro e “deixou os investigadores animados”.
“Vem mais operação por aí”, falou um investigador à revista.
De acordo com o relato de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Baptista Junior estava na reunião convocada pelo ex-presidente com os comandantes da Forças Armadas para pedir apoio para sua ditadura. Nessa reunião, Jair teria apresentado a eles a minuta de um decreto que anularia as eleições e prenderia os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).