Editoriais classificam a condução da pandemia pelo governo federal como “criminosa”
Recentemente, um empresário brasileiro, que assinou um manifesto junto com outros 1.700 representantes da elite econômica do país contra o comportamento de Bolsonaro na pandemia, afirmou em entrevista a um periódico nacional que as atitudes insanas do presidente estavam isolando o Brasil e atrapalhando os negócios de brasileiros no estrangeiro. Ele chegou a dizer que se arrependeu de ter votado nele em 2018.
Agora, a opinião desse empresário se generalizou na imprensa internacional. Em editorial, na última sexta (2), o jornal norte-americano Washington Post alerta que Bolsonaro ‘pode estar mirando a democracia’. O editorial diz que “Bolsonaro fracassou em conter a Covid-19. Agora ele pode estar mirando a democracia”. Para o periódico, os EUA devem “deixar claro para Bolsonaro que uma interrupção da democracia seria intolerável.”
“Em meio a um dos piores picos de infecção por Covid-19 que o mundo já viu, o presidente brasileiro tem outra coisa em mente: em vez de lutar contra o coronavírus, Bolsonaro parece estar preparando as bases para outro desastre: um golpe político contra os parlamentares e eleitores que poderiam removê-lo do cargo”, disse o WP.
Afirmando que “há motivos para preocupação”, citando até o apoio de Eduardo Bolsonaro à invasão do Capitólio nos EUA, o jornal alerta: “As democracias dos Estados Unidos e da América Latina devem prestar atenção à medida que as eleições do próximo ano se aproximam – e deixar claro para Bolsonaro que uma interrupção da democracia seria intolerável. Ele não deve ter permissão para destruir uma das maiores democracias do mundo.”
Outra publicação que abordou o tema do desastre que Bolsonaro representa para a economia brasileira e para a democracia foi o jornal britânico Financial Times. Em seu último editorial “Brasil: epicentro global da pandemia”, a publicação afirma que Bolsonaro “luta para manter seu governo unido e suas esperanças de reeleição vivas.” Com o título “O pesadelo de coronavírus do Brasil: ‘Bolsonaro está mais isolado do que nunca'”. O jornal escreve que “a mudança aprofundou a crise política sobre a oposição teimosa de Bolsonaro aos bloqueios. Ele fez ameaças de usar os militares contra as autoridades locais que tentaram impô-lo”.
The Economist, outra publicação britânica, afirma que a má gestão do governo Bolsonaro na pandemia de Covid-19 transforma o Brasil numa “ameaça ao mundo”. A revista diz que Bolsonaro tem atrapalhado a ação dos governadores no combate ao coronavírus. “Enquanto o distanciamento social for necessário, o presidente continuará sendo uma ameaça à saúde dos brasileiros”, diz a revista. The Economist afirma que “as ações de Bolsonaro são ruins para o Brasil.”
O francês Le Monde Diplomatique descreve em sua capa de abril Bolsonaro como o vilão coringa explodindo um hospital. Na ilustração de capa, Bolsonaro é retratado logo após explodir a bomba num hospital. Ele aparece saindo do local com uma caixa de cloroquina na mão. Em editorial, a publicação em língua portuguesa classifica a condução da pandemia por Bolsonaro como “criminosa”.
“A condução desastrosa, e mesmo criminosa, do governo federal no enfrentamento da pandemia, associada a ausência de uma política econômica para a retomada do crescimento, está levando grande parte de brasileiros a um beco sem saída”, diz a publicação.