Jair Bolsonaro participou de um evento em Alagoas ao lado do ex-presidente e senador Fernando Collor (PROS), que foi impeachmado em 1992 por corrupção: “um homem que luta pelo interesse do Brasil e também, em especial, pelo seu estado”, disse Bolsonaro.
Collor também é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa em processo originado pelas investigações da Operação Lava Jato.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o grupo de Collor recebeu mais de R$ 29 milhões em propina entre 2010 e 2014, em razão de contratos de troca de bandeira de postos de combustível celebrados com a BR Distribuidora.
Durante a inauguração de uma obra do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) em Alagoas, Bolsonaro fez elogios ao ex-presidente. “Eu fiz um convite e ele aceitou. E com muita satisfação está integrando essa comitiva, o nosso senador Fernando Collor”.
Fernando Collor de Mello foi impeachmado em 1992 depois de denúncias de corrupção.
De acordo com as pesquisas da época, 68% da população avaliavam seu governo como ruim ou péssimo na época do impeachment. Apenas 9% achavam que era bom ou ótimo.
Na época, Jair Bolsonaro, que era deputado federal, votou a favor do impeachment e chamou Collor de “grande mentiroso”.
Disse ainda que o ex-presidente impunha “grande sacrifício” à população. Descreveu Collor como alguém “sem moral” para comandar o país. “Luto com todas as minhas forças para tirar o Presidente que aí está, sem moral para governar o país”, disse na época.
Ainda durante o evento em Alagoas, Jair Bolsonaro lamentou a ausência do deputado federal Arthur Lira (PP), que está com Covid-19. Lira é réu no processo conhecido como “quadrilhão do PP”, também no âmbito da Lava Jato.
“Falta uma pessoa também da nossa articulação política na Câmara dos Deputados, que é um alagoano, é o prezado deputado Arthur Lira”, disse Bolsonaro.
“Mais do que fazer articulação, é uma pessoa sempre pronta, sempre alerta a trabalhar pelo seu estado. Tenho certeza que na próxima vez, sem a Covid, ele estará presente entre nós”, comentou Jair Bolsonaro.
Arthur Lira se aproximou do governo Bolsonaro durante o ano conforme fossem sendo entregues cargos. A intenção de Jair Bolsonaro é entregar os cargos para conseguir ter uma base no Congresso Nacional.
Lira fez parte de uma organização criminosa, segundo denúncia da PGR, junto com outros parlamentares do PP. As investigações mostram que o esquema de desvios perdurou por quase uma década, causando prejuízos na Petrobrás.
No início do mês passado, Jair Bolsonaro declarou que sua “missão” estava cumprida. “Tenho orgulho e satisfação em dizer à imprensa que eu não quero acabar com a Lava Jato, eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo”, disse ele.