Dom Mauro Morelli, bispo de Luz, Minas Gerais, disse que “com seus endiabrados seguidores deveriam ser presos em flagrante como arruaceiros”. Bolsonaristas beberam, hostilizaram profissionais de imprensa, vaiaram o arcebispo Dom Orlando Brandes e interromperam o padre Eduardo Ribeiro durante a missa. Tocaram o terror antes, durante e depois das celebrações
O bispo Dom Mauro Morelli utilizou as redes sociais, nesta quinta-feira (13), para expressar indignação contra Jair Bolsonaro (PL) após a participação do candidato à reeleição nas celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida, no feriado da quarta-feira (12).
Começou a repercussão do terror que Bolsonaro e os seguidores dele aprontaram, no feriado de quarta-feira (12), no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo.
O bispo emérito da Diocese de Luz, em Minas Gerais, acusou o mandatário de agir “como agente de Satanás” no evento. “Bolsonaro em Aparecida comportou-se como agente de Satanás. Desrespeitou a Mãe de Jesus e seus outros filhos e filhas, peregrinos famintos de vida com dignidade e esperança”, escreveu o bispo no Twitter.
“Com seus endiabrados seguidores deveriam ser presos em flagrante como arruaceiros. São Miguel, cuidado!”, completou. No catolicismo, São Miguel é o arcanjo da Justiça e líder do exército de Deus contra as forças do mal e das trevas.
TOCARAM O TERROR
Expoente no combate à fome no país, Morelli foi um dos idealizadores do programa Fome Zero, estabelecido no primeiro mandato, em 2003, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República.
O bispo criticou o mandatário e seguidores pelos tumultos causados na celebração da quarta-feira. Bolsonaristas hostilizaram profissionais de imprensa, vaiaram o arcebispo Dom Orlando Brandes e interromperam o padre Eduardo Ribeiro durante a missa. Além disso, muitos portavam copos de bebidas alcoólicas.
Pela manhã, o arcebispo Dom Orlando foi vaiado por eles ao dizer que o Brasil precisa “vencer muitos dragões”: “Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do maligno. O dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade”, afirmou no sermão.
Em outra celebração, o padre Camilo Júnior parabenizou quem estava ali para rezar: “Hoje não é dia de pedir voto, hoje é dia de pedir benção”.
OS FATOS
Bolsonaro não foi à basílica rezar. Foi fazer campanha pela reeleição. E causou alvoroço ao participar de missa pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida, no santuário dedicado à santa.
A passagem por Aparecida (SP) foi marcada por recados desfavoráveis de representantes da Igreja Católica e vaias de eleitores.
O rival dele no segundo turno, Lula, manteve a decisão anunciada de evitar a mistura entre eleição e religião e, também nesta quarta-feira, fez atos no Rio de Janeiro e em Salvador.
Um dia antes da visita de Bolsonaro a Aparecida, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), principal entidade da igreja no país, lamentou em nota “a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno” da eleição presidencial.
Sem citar nomes, a CNBB escreveu que “momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos”.
M. V.
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