O diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Samuel Souza, foi exonerado na última quarta-feira (17). É o terceiro nome (todos militares) nomeado e exonerado durante a gestão de Bolsonaro.
A decisão, publicada nesta quinta-feira (18), no Diário Oficial da União, ocorre após o instituto ter mapeado 277 pistas clandestinas do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami em Roraima. Ainda não foi comunicado o motivo da exoneração, nem o novo nome que comandará o setor.
No último domingo (14), uma reportagem do Fantástico da TV Globo mostrou detalhes de uma megaoperação da qual Souza participou, em julho. A operação foi deflagrada pela Polícia Federal, Ibama e Forças Armadas, para combater o garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomami. O território é considerado a maior reserva indígena do país.
Na operação, o Ibama mapeou as pistas clandestinas de voo que serviam de apoio para a atuação de garimpeiros ilegais no interior e entorno do território indígena. A reportagem mostrou que, pelo menos, nove estão a menos de 40 quilômetros de um dos três pelotões especiais de fronteira do Exército na TI.
Ao Fantástico, o agora diretor exonerado explicou como a pista favorecia a atividade ilegal. “Uma aeronave que vai pegar isso aqui e vai levar para dentro da Terra Yanomami para alimentar a mineração ilegal lá”, disse Souza.
Apesar de parecer revelar o modus operandi deste governo, que consiste em punir quem exerce o trabalho de fiscalização ambiental, a saída de Samuel já circulava nos corredores do Ibama antes da operação.
A Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), agora sem chefe, é responsável justamente por coordenar, controlar e executar ações referentes à fiscalização, além da coordenação de emergências ambientais.
Samuel Vieira de Souza é formado em direito e é bacharel em ciências militares e administração pela Academia Militar das Agulhas Negras. Também estudou na Escola Superior de Guerra e tem carreira no Exército, participando de operações na fronteira e na Amazônia. Antes da entrada no Ibama, ele não tinha nenhuma experiência, nem especialização sobre meio ambiente.
O coronel, que entrou no Ministério do Meio Ambiente em fevereiro de 2019, como assessor de gabinete do ex-ministro Ricardo Salles, voltará às origens. De acordo com o Ibama, o ex-diretor atuará como assessor especial do atual ministro, Joaquim Leite, em grupo de trabalho para combater o comércio ilegal de produtos florestais, co-presidido por Leite junto ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e ao enviado especial americano para o Clima, John Kerry.