“Todo mundo vai jogar pedra nele”, constata o vice-presidente Hamilton Mourão
Jair Bolsonaro declarou que não vai participar da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), que começa no domingo (31), em Glasgow, na Escócia.
O evento é bastante concorrido e aguardado pelos chefes de Estado do mundo.
“A princípio eu não vou, não. É uma estratégia nossa, o nosso ministro do Meio Ambiente [Joaquim Leite] vai. E é um local que nós já assumimos compromisso, estamos cumprindo”, alegou, falaciosamente, durante entrevista à TV A Crítica na quarta-feira (27).
A delegação brasileira, com cerca de cem pessoas, deverá ser a segunda maior enviada por uma nação, atrás apenas da dos Estados Unidos.
Porém, o Brasil chega à conferência como um dos países que mais elevaram as emissões de gases do efeito estufa. Apenas no ano passado, em plena pandemia, enquanto o mundo registrava queda de 6,7% nas emissões, o Brasil seguia na contramão: aumento de 9,5%, o maior desde 2006.
O país se comprometeu a reduzir em 43% as emissões de gases estufa até 2030. Essa foi a meta oficial apresentada no Acordo de Paris. Mas, no fim do ano passado, o governo federal mudou a base de cálculo das metas brasileiras, o que, segundo especialistas, significa permissão para poluir mais.
Para o vice-presidente Hamilton Mourão, a ausência de Bolsonaro na COP-26 é uma tentativa de evitar um vexame, porque “todo mundo vai jogar pedra nele”.
“Sabe que o presidente Bolsonaro sofre uma série de críticas. Então, ele vai chegar em um lugar em que todo mundo vai jogar pedra nele. Está uma equipe robusta lá com capacidade para, vamos dizer, levar adiante a estratégia de negociação”, disse Mourão.
Informações divulgadas pela Presidência da República indicam que o chefe do Executivo participará da COP-26 por meio de vídeo, que já foi gravado e enviado aos organizadores do evento.
Mourão, por sua vez, é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal e também não irá à Escócia. O vice chegou a pleitear a chefia da delegação brasileira, mas Bolsonaro escalou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, para a tarefa.
O Conselho Nacional da Amazônia Legal é responsável por monitorar dados sobre o bioma e coordenar as ações de combate a incêndios florestais, mineração e desmatamento ilegais. O órgão gerencia atividades de órgãos civis ligados ao Meio Ambiente e militares das Forças Armadas, quando mobilizados.
A redução do desmatamento ilegal na Amazônia é considerada uma condição para que o Brasil consiga atingir seus compromissos de redução de gases estufa.