“No momento em que o Brasil precisa de paz e de atitudes para combater a pandemia e salvar vidas, o presidente nos ataca mais uma vez, covardemente”, respondeu o governador sobre as agressões e as aglomerações provocadas por ele nas praias do estado
No dia em que o Brasil se aproxima da marca de 195 mil mortos pela Covid-19 e que os médicos e autoridades sanitárias alertam para o agravamento da pandemia, Jair Bolsonaro seguiu seu ritual macabro de estímulo à morte.
O incentivo presidencial ao bom desempenho do coronavírus foi registrado num vídeo e publicado no próprio perfil de Bolsonaro em redes sociais. Na gravação ele é recebido na praia por um grupo de negacionistas que estavam igualmente sem máscara e sem respeitar o distanciamento social.
O funcionário da Presidência, Fabio Wajngarten, responsável pela Secretaria de Comunicação do governo federal, descreveu assim a insanidade bolsonarista do fim de ano. “Presidente nada de braçadas até o povo da Praia Grande. Governador abandona os paulistanos trancados em casa”, escreveu ele no Twitter.
Não tinha sido o primeiro ato irresponsável de Bolsonaro no final do ano. Ele já havia criticado as medidas restritivas tomadas pelo governo de São Paulo, por orientação dos médicos e sanitaristas, diante do recente agravamento da epidemia. “São irracionalidades”, atacou Bolsonaro, na véspera do ano Novo, em sua live de todas as quintas-feiras.
Diante de tamanha irresponsabilidade com a saúde e a vida da população, o governador João Doria (PSDB) reagiu duramente aos ataques de Bolsonaro. “No momento em que o Brasil precisa de paz e de atitudes para combater a pandemia e salvar vidas, o presidente Jair Bolsonaro nos ataca mais uma vez, covardemente”, disse ele.
“Bolsonaro gosta mesmo é do cheiro da morte, do cheiro da pólvora e do cheiro do dinheiro das rachadinhas. Presidente: trabalhe mais e fale menos”, prosseguiu o governador de São Paulo também no Twitter.
A atitude do capitão nas praias do litoral neste final de ano não surpreendem. Elas estão em total sintonia com o seu descaso em relação à saúde e a vida da população. Até agora, por exemplo, não foram tomadas nem mesmo as medidas mais essenciais para garantir que a população seja imunizada contra a Covid-19.
Bolsonaro não garantiu a vacina e nem mesmo a logística mínima para a vacinação em massa da população brasileira. Somente 2,4% das seringas e agulhas foram adquiridas no primeiro pregão realizado pelo governo, o que revela grande atraso na logística, enquanto mais de 50 países já iniciaram a imunização de suas populações.
Como se nada disso bastasse, Bolsonaro ainda vetou – no último dia do ano – as partes da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 que permitiriam ao governo aumentar, se necessário, os gastos no combate à pandemia.
Com isso, Bolsonaro não só estimula a expansão da doença e a circulação do vírus mortal, como sabota deliberadamente as medidas econômicas que deveriam ser tomadas para garantir a proteção da população brasileira.
A atitude genocida de Bolsonaro, que levou o Brasil e ostentar a segunda posição no mundo em número absoluto de mortos, ficando atrás apenas dos EUA, fez o jornal O Estado de S. Paulo, o Estadão, questionar, em editorial, se o país vai suportar mais dois anos de “obscurantismo”, “truculência” e “incapacidade” deste governo, e, muito longe daqui, a imprensa australiana denunciar o fato de um “imbecil” ter chegado à Presidência da República no Brasil.