O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a ser hostilizado pelos bolsonaristas no Twitter.
Na sexta-feira (28), as hashtags #MaiaGolpista, #MaiaVaiSerPreso e #MaiaTraidorDaPatria ocupam três dos 20 tópicos mais comentados na rede social, com mais de 112 mil tuítes.
Os ataques se acirraram contra o presidente da Câmara após Bolsonoaro instigar e compartilhar um vídeo chamando militantes para uma manifestação contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) em 15 de março.
Em live (transmissão ao vivo) na quinta-feira (27), Bolsonaro mentiu, afirmando que o vídeo que ele compartilhou era de 2015, apesar de fazer referências à facada que levou, em 2018.
Tudo começou com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, atacar os parlamentares, acusando-os de fazer “chantagem” com o governo.
No último dia 18, Augusto Heleno, enquanto esperava Jair Bolsonaro para a cerimônia de hasteamento da bandeira, em frente ao Palácio da Alvorada, em conversa com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), foi flagrado em áudio dizendo aos colegas: “Nós não podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo. Foda-se”.
Depois de ter feito um acordo com o Congresso, o Planalto quer voltar atrás e decidir sozinho onde aplicar os recursos da União.
A manifestação do dia 15 não é contra qualquer “chantagem” ao governo por parte do Congresso ou do Supremo Tribunal Federal (STF) – tanto não é, que Bolsonaro já havia efetivado o acordo com os presidentes das duas Casas do Congresso.
O presidente da Câmara já convocou uma reunião reservada para esta segunda-feira (2 de março), às 20h30, na residência oficial, para discutir o desacato de Bolsonaro ao Congresso.
O deputado Danilo Cabral (PSB-PE), em entrevista à Rádio Folha FM 96, 7, na quinta-feira (27), afirmou que “ele (Bolsonaro) fala como se não tivesse sido, durante 28 anos, parlamentar daquela Casa e as falas que ele teve no exercício do mandato sempre sinalizaram para essa conduta autoritária dele”.
Para o deputado, “esse ato (do dia 15) que está aí posto é, claramente, um ato de encurralamento do Congresso Nacional por tudo que está sendo divulgado nas redes sociais, fechamento do Congresso, fechamento do Supremo [Tribunal Federal]…”.
O deputado federal Danilo Cabral avalia que Bolsonaro “faz esse uso contumaz de colocar a situação e, depois, a partir da reação, dar um recuo ou um passo adiante”. Danilo arremata: “É estratégia, ele está testando a tolerância da sociedade brasileira à conduta autoritária dele”.
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