Jair Bolsonaro demitiu a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) a pedido de seu filho Flávio e do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, um dos maiores apoiadores de Bolsonaro.
Durante a construção de uma das lojas Havan no sul do país, a construtora da obra se deparou com um achado arqueológico e reportou isso para o Iphan, fazendo com que as obras fossem paralisadas.
Então, o dono da rede, Luciano Hang, abertamente bolsonarista, pediu para que Bolsonaro interviesse no Instituto. O relato é da ex-presidente do Instituto, Kátia Bogéa.
“Ele [Hang] criou esse escarcéu porque nem a mais simples das obrigações eles querem fazer. Estávamos ali para cumprir a Constituição. O que queriam é que não observássemos a lei”, disse Kátia.
O filho de Jair, o senador Flávio Bolsonaro, também pediu alterações no Instituto. Ele teve uma reunião com construtores de Salvador, que reclamaram de uma portaria baixada pelo Iphan, em novembro de 2019, que limitava construções no bairro da Barra.
Para Kátia, que presidia o Iphan desde 2016, “é a mesma coisa do Geddel [Vieira Lima], é a mesma coisa”.
Geddel foi condenado em março, por improbidade administrativa, por pressionar pelo aval do Iphan para a liberação da construção irregular de um prédio de alto padrão em Salvador (BA).
Segundo Kátia, a intervenção de Bolsonaro começou com um diretor técnico, para depois chegar nas superintendências de Minas Gerais e do Rio de Janeiro e, enfim, na própria Presidência do Iphan.
Todos os cargos foram passados para pessoas sem formação técnica.