“Não é normal um líder sair por aí dizendo que os brasileiros gostam de rolar no esgoto”, afirmou o ex-ministro da Saúde.
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que Jair Bolsonaro “conduziu o povo brasileiro para um desfiladeiro em marcha rápida e as pessoas caíram e morreram”.
Mandetta declarou, em entrevista ao jornal inglês The Guardian, que a resposta de Jair Bolsonaro à Covid-19 foi cambaleante, egoísta e anticientífica e levou os brasileiros à um desfiladeiro mortal.
Durante a entrevista, Luiz Henrique Mandetta não confirmou se será candidato à presidência, mas disse esperar “que o líder que sair vitorioso em 2022 seja capaz de reconstruir o tecido social quebrado do Brasil, dando a este país um senso de unidade… e aceitar que não é normal sair por aí dizendo que os brasileiros gostam de rolar no esgoto”.
Para Mandetta, houve uma “sabotagem completa” de Jair Bolsonaro ao Ministério da Saúde, causada por um “total desprezo pela ciência”. O médico deixou o cargo por conta da insistência de Bolsonaro em boicotar a quarentena contra o coronavírus.
Seu substituto, Nelson Teich, não ficou um mês no cargo e pediu demissão por não concordar com a recomendação do uso de medicamentos como cloroquina, que não tem efeito contra a Covid-19, nos infectados.
Para Mandetta, houve uma “sabotagem completa” de Jair Bolsonaro ao Ministério da Saúde, causada por um “total desprezo pela ciência”.
“Quando você está em uma situação onde você se cerca de pessoas que dizem o que você quer ouvir e não a verdade… o líder acaba cegando a si mesmo para o que está acontecendo”.
“Ele ouve, mas não escuta. Ele olha, mas não vê”, relatou Luiz Mandetta.
Segundo o ex-ministro, Jair Bolsonaro “fez política [played politics] com a vida dos cidadãos em um momento de crise global”. “Ter que reconhecer que isso foi um erro, que causou dor, acho que deve ser politicamente complicado para ele agora”, continuou.
“É interessante que ele rejeite totalmente a ciência e zombe de todos aqueles que falam de ciência. No entanto, quando há qualquer perspectiva de uma vacina ele é o primeiro a vir bater na porta da ciência… como se uma vacina iria redimi-lo de sua marcha desconcertante através desta epidemia”, comentou.
No entanto, quando há qualquer perspectiva de uma vacina ele é o primeiro a vir bater na porta da ciência… como se uma vacina iria redimi-lo de sua marcha desconcertante através desta epidemia”, comentou.
Talvez, uma vez que a tragédia passasse, Bolsonaro poderia expressar remorso publicamente, acredita Mandetta. Mas como os brasileiros poderiam acreditar nas palavras de um homem que havia “criticado abertamente aqueles que buscavam salvar vidas?”, questionou.
Mandetta também avaliou que jair Bolsonaro desempenhou um papel “fundamental” em conduzir a maior economia da América Latina para uma catástrofe.
Relacionadas: