O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou na sexta-feira (26) a privatização de oito das 13 refinarias da estatal com produção de 2,2 milhões de barris por dia.
“A intenção é vender metade da nossa capacidade de produção”, disse o preposto de Bolsonaro à frente da estatal, Roberto Castello Branco, em entrevista à Globo News. Ele afirmou que espera arrecadar US$ 15 bilhões com a venda das refinarias.
A política de “desinvestimento”, iniciado no governo Dilma Rousseff e implementado pelo governo Bolsonaro, vai atingir as seguintes refinarias, com capacidade de refino de 1,1 milhão de barris por dia: Refinaria Abreu e Lima (Rnest), Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Gabriel Passos (Regap), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).
É a política bolsonarista de desmonte da maior empresa nacional, estratégica ao desenvolvimento.
“Temos refinarias, vamos dar um passo de cada vez. Pode-se caminhar para a privatização mais ampla da Petrobrás”, disse Bolsonaro, em café da manhã com jornalistas na quinta-feira (25).
No momento em que o país necessita construir mais refinarias, inclusive para nos livrarmos das importações, o governo se propõe a entregar metade da capacidade de refino para o capital estrangeiro, a pretexto de combater o monopólio.
Ao contrário do que alardeia o governo, a Petrobrás não tem o monopólio de refino no país. O fato é que foi a estatal que mais investiu no setor. O setor privado, principalmente as multinacionais, não está preocupado em investir. As múltis querem é tomar as refinarias da Petrobrás a preço de banana.
Conforme a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), “O fato é que, no Brasil, a Petrobrás, por refinar petróleo por ela produzido, pode praticar preços abaixo da chamada paridade de importação e continuar lucrativa. Após o final da greve dos caminhoneiros, com preços mais baixos e menor volume importado, a Petrobrás recuperou sua participação de mercado e aumentou significativamente o lucro do refino, conforme demonstrado no balanço do segundo trimestre de 2018.” (http://www.aepet.org.br/w3/index.php/2017-03-29-20-29-03/votos-da-aepet/item/3059-confira-o-voto-da-aepet-na-assembleia-de-acionistas-da-petrobras
Para a AEPET, “Somente a Petrobrás consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do mercado internacional e, ainda assim, obter níveis de lucro compatíveis com a indústria, para sustentar uma elevada curva de investimentos, que contribuem diretamente com aumento da renda e dos empregos no país. Assim, o plano atual de privatizar 60% das quatro refinarias do Nordeste e do Sul é temerário, indefensável.”
DESMONTE
Ainda no dia 25, a Petrobrás anunciou a venda de ativos no valor total de US$ 10,3 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões).
As transações são referentes a:
- a venda de 90% da Transportadora Associada de Gás S.A. (“TAG”) para a multinacional francesa Engie e o fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ);
- a entrega de 50% dos direitos de exploração e produção do campo de Tartaruga Verde (concessão BM-C-36) e do Módulo III do campo de Espadarte para a Petronas, estatal da Malásia;
- a cessão de sua participação total em 34 campos de produção terrestres para a empresa Potiguar E&P S.A., subsidiária da Petrorecôncavo. O governo planeja ainda a venda do controle da BR Distribuidora, reduzindo a participação da Petrobrás para até 40%, e a venda integral da Liquigás.
O governo planeja ainda a venda do controle da BR Distribuidora, reduzindo a participação da Petrobrás para até 40%, e a venda integral da Liquigás.