A Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou uma reunião virtual com mais de 50 ministros da Saúde de todo o mundo, mas o brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, não participou.
“Mantivemos um encontro com cerca de 50 ministros da Saúde de todo o mundo, no qual China, Japão, Coreia do Sul e Cingapura compartilharam suas experiência e lições que aprenderam”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Mandetta vinha defendendo que as orientações da OMS de isolamento social para contenção do vírus fossem aplicadas no Brasil.
Jair Bolsonaro, porém, as ignora e defende que apenas as pessoas que pertencem ao grupo de risco devem se manter isoladas. Para ele, a quarentena é “exagero”. Segundo algumas fontes, ele pressionou Mandetta para mudar as orientações.
Após as declarações de Bolsonaro defendendo o fim do isolamento recomendado pelo Ministério da Saúde e pela OMS, o ministro passou então a relativizar e disse que o distanciamento social “foi precipitado, foi cedo. Foi uma sensação de ‘entramos, e agora, como é que saímos’”.
Se “o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas?”, disse Jair Bolsonaro em rede nacional na terça-feira (24). Ele também disse que as “autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa”.
Procurado para esclarecer a ausência de Mandetta na reunião da OMS, o Ministério da Saúde alegou apenas que ele estava em reunião na Presidência da República. Um membro de baixo escalão do ministério representou o Brasil.
Ao ser questionado sobre a posição de Jair Bolsonaro, Tedros Ghebreyesus disse apenas que “as UTIs estão lotadas em muitos países”.
O governo Bolsonaro lançou a campanha “O Brasil não pode parar”, instigando a população a continuar suas atividades como se nada estivesse acontecendo.
No fim da sexta-feira (27), já foram confirmados 3.417 contaminados e 92 mortos pelo vírus.