Bolsonaro passa vexame na Itália: cidade se revolta contra concessão de título

Ativistas picharam e jogaram excrementos na sede da prefeitura de Anguillara Veneta, no norte da Itália. Bolsonaro foi vaiado ao sair da salumeria. Fotos: Reprodução - Montagem

Bolsonaro volta a protagonizar vexames em mais uma visita, desta vez, à Itália, onde é alvo de protestos.

No seu primeiro dia de viagem, sexta-feira (29), ao país para participar do G20, que começa neste sábado (30), Bolsonaro deixou a embaixada do Brasil pelas portas dos fundos, para evitar jornalistas.

A associação antimáfia Libera criticou a passagem de Bolsonaro pela Itália e a concessão de homenagem a ele.

“Recebemos esta notícia com espanto e lembramos que a ação política do presidente Bolsonaro é caracterizada por uma multiplicidade de atos considerados contrários aos direitos humanos e ambientais, implementando uma política genocida contra a população, com desprezo e ofensas contra mulheres e homossexuais, ações de desmatamento e violações contra populações indígenas residentes em áreas amazônicas”, protestou a Libera em um tweet.

Sem usar máscara, o que é proibido pelas autoridades locais, Bolsonaro caminhou pelas ruas de Roma, visitou alguns pontos turísticos e depois foi num estabelecimento de salames ou uma “salumeria”. Ao sair do local foi recebido com vaias.

REVOLTA

A cidade de Anguillara Veneta, no norte da Itália, está em pé de guerra contra a homenagem prestada pela sua prefeitura a Bolsonaro.

A atual gestão de extrema-direita na prefeitura da cidade concedeu cidadania honorária para Bolsonaro, que diz ser sua família originária da localidade.

A homenagem foi proposta pela prefeita de Anguillara Veneta, Alessandra Buoso, com o argumento de que um bisavô de Bolsonaro nasceu nessa pequena cidade de pouco mais de 4 mil habitantes.

Manifestantes picharam a sede da prefeitura e jogaram fezes e tinta na fachada do edifício em protesto. O prédio amanheceu com a frase “Fora Bolsonaro” em sua fachada.

A Diocese de Pádua divulgou um comunicado em que afirma que a homenagem a Bolsonaro é um “constrangimento”.

“Não é segredo que a concessão da cidadania honorária criou um forte constrangimento, ligado ao respeito pelo principal cargo no querido país brasileiro e as tantas e fortes vozes de sofrimento que sempre nos chegam, e não podemos ignorar, pois são gritadas por amigos, irmãos e irmãs”, diz o comunicado oficial da Diocese de Pádua.

A homenagem e a previsão de visita de Bolsonaro está programada para acontecer na segunda-feira (1º de novembro) na basílica de Santo Antonio, em Pádua, que fica a quase 40km do vilarejo.

Segundo a imprensa italiana, Bolsonaro não será recebido oficialmente pelos líderes da igreja, como costuma ocorrer durante visitas de autoridades à região.

A oposição na cidade tem tentado revogar a homenagem.

Grupos oposicionistas convocaram protestos para este sábado em Roma e para o dia da cerimônia em Anguillara Veneta.

 O maior grupo antifascista da Itália, Anpi (Associazione Nazionale Partigiani d’Italia), está convocando protestos em Anguillara Veneta.

“Não é preciso analisar muito a fundo para dizer que sua presença nesta cidade é indesejável; basta lembrar a gestão criminosa da pandemia realizada pelas autoridades brasileiras, a qual uma comissão parlamentar de inquérito solicitou que julgamento por crimes contra a humanidade”, afirma o grupo Centro Social da Ocupação Pedro, que também organiza o protesto.

O grupo ambientalista Rise Up 4 Climate Justice assumiu a autoria das ações na sede da prefeitura de Anguillara Veneta. Eles afirmaram que a figura de Bolsonaro “representa perfeitamente o modelo capitalista, predatório, destrutivo e colonialista contra o qual lutamos”.

“Um dos grandes poderosos da Terra, negacionista da crise climática e responsável por ter destruído 8,5 mil quilômetros quadrados de Floresta Amazônica para dar espaço a cultivos intensivos e ao modelo de exploração do qual se faz promotor”, apontou o grupo.

Eles afirmaram ainda que Bolsonaro também se demonstrou negacionista da pandemia e levou adiante “políticas sanitárias que negaram tratamentos e saúde à população brasileira, que está pagando um preço pesadíssimo em termos de vidas humanas”.

“Bolsonaro encarna o inimigo principal do clima, da vida e dos territórios. ‘Fora, Bolsonaro’, nos oporemos aos destruidores do nosso planeta aqui e em qualquer lugar”, acrescentou o grupo.

COP-26

Bolsonaro deixou de comparecer à 26ª Conferência da ONU sobre o clima, que será realizada neste fim de semana em Glasgow, na Escócia, para fazer turismo na Itália. O pretexto foi de participar da reunião do G20, que acontece também neste fim de semana em Roma.

Entretanto, Bolsonaro foi passear na cidade, às custas do dinheiro público, e nada falou sobre o que será debatido no G-20.

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